Nildo Benedetti – [email protected]
“Culpa” é daqueles filmes que, por questões de limitação de orçamento para produção, obrigam diretores a usar criatividade, imaginação e inovação para se adaptarem à oferta reduzida de dinheiro de parte de produtores de cinema. Existem muitos exemplos de verdadeiras obras primas cinematográficas criadas sob tais restrições de recursos, não só no cinema europeu, mas também no cinema de outras nacionalidades, como a iraniana, por exemplo. “Culpa” é o primeiro longa-metragem do sueco Gustav Möller, um diretor que tinha no currículo somente um filme de curta-metragem e dois capítulos de uma série de trinta capítulos da Netflix.
Culpa transcorre em tempo real em uma delegacia de polícia da Dinamarca. Asger é um policial que fica ao telefone atendendo chamadas de emergência. É o serviço telefônico equivalente ao disponível no nosso 190.
A Dinamarca figura sistematicamente entre as estatísticas mundiais como um dos países de menor corrupção do mundo e de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esse índice é um medidor variável de zero a um e que combina três fatores: variação do PIB per capita, educação e expectativa de vida ao nascer. Melhor distribuição de renda per capita, maior nível de escolaridade e maior expectativa de vida da população tendem a gerar maior IDH e, portanto, quanto mais próximo da unidade for seu valor, melhor será a qualidade vida da população do país.
A primeira ligação telefônica recebida por Asger é de um homem drogado que não pode respirar e nem consegue fornecer o endereço de onde está. A segunda chamada é de uma mulher fazendo referência à audiência do dia seguinte em que ele irá depor no tribunal. Durante o desenrolar do filme, saberemos que ele está sendo processado por sua atitude em um ocorrência policial de rua; por isso foi retirado temporariamente do serviço externo e agora está trabalhando numa delegacia. A terceira chamada de emergência é de um homem que foi assaltado no carro e roubado por uma prostituta do leste europeu. Em outra ligação, Asger fala com o chefe sobre a apreensão de 90 kg de droga.
O que é possível notar por meio dessas ocorrências é que elas são as que normalmente seriam de esperar na delegacia de um país altamente desenvolvido como a Dinamarca, porque estão relacionadas com álcool, droga, prostituição de mulheres imigrantes e assim por diante.
Uma mulher liga desesperada para a polícia simulando que está falando com a filha, Asger percebe o estratagema usado pela mulher e faz as perguntas certas, pensa rápido, e deduz o que se passa: ela está em um carro e foi sequestrada. Através do rastreamento do celular dela, ele consegue seu endereço e liga para sua casa. Uma menina de seis anos atende ao telefone e descreve a briga entre o pai e a mãe. Asger consegue tranquilizá-la porque é paciente, jeitoso e preocupado com a menina e com a mãe sequestrada. A partir desse momento, sua tarefa passa a ser a de salvar a mulher das mãos do sequestrador.
Serviço
Cine Reflexão
“Culpa”, de Gustav Möller
Hoje, às 19h
Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)
Entrada gratuita
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