Professor de concurso é indiciado por vazar edital da PCDF

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Um professor de cursinho preparatório para seleções públicas foi indiciado, nesta segunda-feira (16/12/2019), por envolvimento em suposto vazamento de informações confidenciais sobre o concurso para escrivão da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A PCDF ainda não sabe dizer se trabalha com a possibilidade de suspender o certame.

Carlos Alfama responderá por fraude em concursos de interesse público, prevista no Artigo 311-A do Código Penal. Para a polícia, ficou comprovado que o docente divulgou o conteúdo antes mesmo da publicação no Diário Oficial (DODF), o que fere a legislação federal.

O caso é conduzido pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor). O professor virou alvo dos investigadores por ter publicado, nas suas redes sociais, detalhes específicos sobre o conteúdo da prova antes mesmo da publicação oficial do certame. Até mesmo a data do exame foi divulgada com antecedência.

Nesta segunda-feira (16/12/2019), dois endereços ligados a Carlos Alfama foram alvo de busca e apreensão autorizadas pela Justiça: a residência dele e o Zero Um Concursos, local onde Alfama leciona (foto em destaque). Os investigadores ainda estão analisando o conteúdo apreendido.

Antes da operação de busca e apreensão, Alfama foi intimado a depor na PCDF. À época, questionado pela reportagem, o professor alegou que foi ouvido como testemunha. “A Polícia Civil do DF irá apurar o vazamento por parte do Buriti, DODF e Imprensa Nacional”, destacou. Contudo, a reportagem confirmou que ele e outras pessoas são investigadas.

Nota

Procurados pela reportagem, tanto o professor quanto o curso preparatório decidiram se pronunciar por meio de nota da assessoria de imprensa. O texto confirma que o docente foi alvo dos investigadores na sede da empresa Zero Um Concursos, onde Alfama (sócio-fundador) encontrava-se presente.

“O mandado tratava-se apenas do recolhimento dos eletrônicos do professor, como celular e computador, mas os policiais ultrapassaram a margem da lei e reviraram armários e outros computadores que não constavam na medida e pertenciam a empresa, que não é objeto da ação”, registrou.

Ainda segundo a nota, sobre o fato de o professor Carlos Alfama estar sendo tratado como suspeito, mas não como testemunha, o docente diz que vai aguardar o término das investigações para que possa se posicionar oficialmente. “Reitero que não cometi nenhum ato ilícito e a Polícia Civil é quem conduz o inquérito e poderá apontar os verdadeiros envolvidos no caso e proceder com”, disse.

Entenda o caso

Conforme o Metrópoles revelou, o docente do cursinho preparatório deu detalhes do conteúdo da prova horas antes de o Governo do Distrito Federal (GDF) publicar oficialmente o edital, no dia 5 deste mês.

“Professor, não me leve a mal, sou fã de vocês, indico o trabalho, mas são 5h39 da manhã do dia 05/12/2019 e o DODF de hoje ainda não foi publicado. Vocês terem tido acesso a ele antecipadamente não pode atrapalhar o certame?”, escreveu uma internauta . “Muito estranho. Se ele teve acesso ao edital antes de todos, já possui tais informações, podemos até duvidar da credibilidade do concurso”, reclamou outro seguidor.

Em seguida, o diretor da PCDF, Robson Cândido, disse ter determinado que a instituição apurasse rigorosamente a suspeita de crime. Segundo ele, se confirmado o vazamento, o delito é “punível com prisão”. O certame, nesse caso, ficaria comprometido.

Paralelamente, no âmbito administrativo, a Casa Civil do DF também informou que abriu sindicância interna para levantar sobre quais circunstâncias as informações foram repassadas antes mesmo da publicação. O órgão é o responsável pelos atos oficiais do Palácio do Buriti.

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