A série Diário de um Confinado foi criada literalmente em casa e em família, por Joana Jabace e o marido Bruno Mazzeo. O projeto de dramaturgia foi idealizado para ser produzido durante a quarentena, de forma remota, com todas as limitações que o isolamento social requer, seguindo todas as normas de segurança. A série multiplataforma será exibida primeiro no Globoplay, no dia 26, depois na TV Globo, aos sábados de julho, a partir do dia 04. Também em julho, estreia dia 06 no Multishow e ganha pílulas ao longo do mês no GNT. Joana Jabace é quem faz a direção artística da série, gravada no apartamento onde o casal vive com os filhos, no Rio de Janeiro.
“Temos na mesma casa um autor que também é ator e eu, que sou diretora. Usamos essa nossa especificidade a favor da arte. Acredito que o artista tem que se reinventar de acordo com as necessidades do tempo em que vive. Foi assim que tivemos a ideia deste projeto. O tipo de humor que o Bruno faz é engraçado, mas tem melancolia. E nos interessa falar deste momento que estamos vivendo de um jeito leve, mas também realista”, conta Joana Jabace.
A obra faz uma crônica sobre o dia a dia de um cidadão, Murilo (Bruno Mazzeo), que de repente se vê obrigado a tocar a vida dentro de casa. Seus compromissos pessoais e profissionais são todos remotos: a terapia, o encontro com os amigos. Pedir uma pizza nunca foi tão desafiador, e tantas dúvidas fazem com que muitas relações, mesmo que virtualmente, sejam estreitadas. Nunca se precisou tanto dos conselhos de mãe, tia ou do médico. Esses personagens que interagem com o confinado Murilo na trama são vividos por grandes nomes como Arlete Salles, Debora Bloch, Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho, Renata Sorrah.
Bruno conta que as ideias do texto foram surgindo sempre a partir da realidade, diante da situação que o mundo atual enfrenta. “Como tudo o que escrevo, sobretudo quando escrevo sob o olhar da crônica, normalmente tem um pé na biografia – na autobiografia e na de cada um que está participando do projeto comigo. Tem um ditado italiano que diz que ‘na arte, tudo é autobiográfico’, porque vem de sensações, de referências que recebemos do mundo, coisas que vivemos, que os amigos vivem. Diário de um Confinado é um programa que busca uma identificação. Ao mesmo tempo, tem pitadas de uma loucurinha, que é o que a gente está vivendo, com sentimentos alterados. E é aí que entra a carga do humor”, detalha o autor.
Produção remota
Para ser colocado em prática em dias de isolamento, foi necessário planejar para que Diário de um Confinado fosse feito remotamente, de acordo com o protocolo de segurança elaborado pela emissora, com uma série de cuidados para evitar a exposição dos profissionais. Para a produção, foi montada uma equipe multidisciplinar que conceituou e pré-produziu a série, com um importante diferencial: tudo deveria ser feito à distância. “Assistente de direção, produção de arte, montador, pós-produção, figurino, efeito especial. Todos os departamentos foram participando cada um de sua casa. Entramos de cabeça nesse desafio imbuídos de fazer dar certo e nos reinventarmos”, explica Joana.
O projeto utiliza uma linguagem específica, com a qualidade de produção de televisão, mas feito em casa. “A ideia é realizar de um jeito artesanal, mas não amador. A luz e o enquadramento foram pensados dentro dessas premissas. É um projeto feito na minha casa mas poderia ter sido feito num estúdio. Tem um mood de dramaturgia, e nosso intuito é que o espectador embarque no universo do Murilo”, analisa a diretora. Toda a pós-produção da série, incluindo sonorização e edição, também está sendo feita remotamente, após a equipe assistir às gravações on-line, em tempo real.
Joana dirigiu presencialmente o marido, enquanto o restante do elenco foi dirigido à distância. Os atores convidados aparecem em chamadas de vídeo, mas também fizeram eles mesmos a captação de suas cenas com um kit de gravação, preparado para uso individual.
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