A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo anunciou que, por conta da pandemia no País, a sua 44ª edição exibirá os títulos selecionados no streaming, através de uma plataforma exclusiva realizada pela empresa Festival Scope/Shift72, responsável também pela plataforma dos festivais de Toronto e Tribeca, e pelo mercado de Cannes.
O ingresso para cada filme custará R$ 6. A Mostra terá também projeções no drive-in Petra Belas Artes e títulos gratuitos disponíveis nas plataformas do Cinesesc e da Spcine. A edição deste ano acontecerá entre 22 de outubro e 4 de novembro.
Cinema com mais de 100 títulos
Por conta da mudança do formato, a 44ª Mostra vai exibir cerca de 150 títulos dos mais diversos países. Ainda não há informação se haverá sessões presenciais, tampouco se continuará o sistema de pacotes de ingressos. Até o momento, estão confirmadas diversas produções. Alemanha, Argentina, Bolívia, Canadá, China, EUA, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irã, Japão, Líbano, México, Noruega, Palestina, Portugal, Suíça, Síria e Turquia já confirmadas.
Para o cartaz desta edição, foi convidado o diretor chinês Jia Zhangke. Ele terá seu mais recente longa, “Nadando até o Mar Ficar Azul”, na seleção do evento. O filme foi gravado na região da cidade natal do diretor, Fnyang, que hoje é referência cultural para artistas e escritores do país. Zhangke é o embaixador cultural da região e há três anos criou um festival de cinema e lançou recentemente um festival literário.
Já o Prêmio Humanidade, que homenageia grandes nomes do cinema, será conferido aos funcionários da Cinemateca Brasileira, recentemente demitidos como causa do grave problema de gestão enfrentado pela instituição.
Homenagem
Haverá uma homenagem a Fernando Coni Campos, com a apresentação, em cópia restaurada, de um dos mais belos filmes desse diretor que morreu em 1988, aos 55 anos, quando sua obra começava a ganhar reconhecimento. Coni Campos foi artista visual, escritor, roteirista e diretor.
Não se identificou com nenhuma corrente do cinema brasileiro. Desenvolveu sua obra à margem do Cinema Novo, com forte pegada experimental, mas justamente o filme que será exibido na Mostra – Ladrões de Cinema, de 1977 – marca sua tentativa de fazer um cinema popular, com narrativa mais linear
Interpretado por Milton Gonçalves, Lutero Luiz, Antônio Pitanga e Wilson Grey, mostra grupo de moradores de uma comunidade do Rio que rouba o equipamento de uma equipe de Hollywood e resolve produzir um filme para refletir a realidade brasileira da época, com o tema da Inconfidência Mineira.
Ladrões de Cinema iniciou uma tendência que prosseguiu com Louco por Cinema, de André Luiz Oliveira, nos anos 1990, e Saneamento Básico — O Filme, de Jorge Furtado, nos 2000, todos utilizando a fórmula metalinguística do filme dentro do filme para refletir o Brasil.
E o importante é que a Mostra já está na rua, oficialmente relançada para esta edição que será histórica. O ano em que a Mostra se tornou remota, sem perder — espera-se — o carinho do público cinéfilo da cidade e, agora, do Brasil. (Estadão Conteúdo)
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