Com o objetivo de promover maior equidade de gênero no setor cultural do Distrito Federal, um grupo de mulheres atuantes em diversas áreas da cultura na capital se juntaram para criar a APTA – Associação de Produtoras Trabalhadoras da Arte e Cultura, que será lançada oficialmente na próxima quarta-feira (19/8).
Composta em seu lançamento por cerca de 40 profissionais da arte de cultura do DF, a APTA busca diminuir a disparidade do setor, que é composto majoritariamente por homens, e reunir as mulheres cis ou trans que buscam equidade no mercado cultural e de entretenimento.
O evento de lançamento, transmitido via Zoom, reunirá as parlamentares Benedita da Silva, Áurea Carolina, Erika Kokay, Arlete Sampaio e Julia Lucy. Além delas, a solenidade contará também com a presença de algumas mulheres importantes do cenário cultural do DF, como Luciane Adão, Viviane Ferreira e as representantes da APTA: Dayse Hansa e Luna Moreno.
Confira o manifesto da APTA na íntegra:
“A APTA MANIFESTA
Estamos aptas para fazer o que qualquer homem faz.
A APTA – Associação de produtoras trabalhadoras da arte e cultura nasce, no Distrito Federal, com o intuito de reunir mulheres trans e cis que buscam equidade no mercado cultural e de entretenimento, objetivando fortalecimento e construção de espaços e ações potencializadoras e articuladoras de políticas e ações afirmativas.
Estruturada nas bases do antirracismo, antimisoginia, antilgbtfobia, anticlassismo, antietarismo, antigordofobia, antinormose, do anticapacitismo e da liberdade de crença, a Associação carrega como pauta prioritária o reconhecimento das trajetórias de mulheres trans e cis produtoras das artes e da cultura, tornando-se então um megafone destas pessoas na busca incansável por condições de trabalho dignas, seguras e iguais neste meio.
Invisibilizadas e escanteadas por homens que, em sua maioria, restringem os espaços de trabalho, holofotes e conquistas, estas mulheres trans e cis agora se unem para garantir que suas vozes não mais sejam silenciadas no meio cultural.
Contrária aos homens que se apoiam em uma equivocada visão universalista e/ou pretensamente inclusiva, a APTA será espaço de troca e acolhimento, mas também de debate e levante de políticas públicas e ações que, de fato, resguardem mulheres trans e cis e garantam sua inclusão de forma equânime.
A atuação da Associação se dará em diferentes frentes, como mapeamento das mulheres trans e cis trabalhadoras da cultura do DF e do Brasil, articulação e negociação política e comercial, acompanhamento e denúncia de casos de violência e assédio contra mulheres trans e cis do setor e na busca de um ambiente saudável de trabalho.
Entende-se que o momento é mais oportuno para que o necessário debate contra o machismo estrutural saia do plano das ideias e se materialize em ações práticas e de frutos vindouros em curto, médio e longo prazo. Às mulheres trans e cis trabalhadoras da cultura o tempo urge e essa invisibilização de suas conquistas e projetos é inaceitável.
Composta por mulheres que representam uma infinidade de projetos culturais, muitas em cargos diretivos de suas empresas e/ou projetos, fica evidente que estamos APTAS a toda e qualquer função às quais nos propomos e vamos lutar por esses espaços. Mais ainda, que não estamos dispostas a aceitar remunerações inferiores às de homens ocupando cargos equivalentes.
Reunindo mulheres trans e cis produtoras com atuação em diferentes linguagens e diferentes campos, em diversos estágios de suas carreiras, a Associação também será campo fértil para crescimento em conjunto do corpo produtivo de mulheres trans e cis do DF, investindo portanto em ações de capacitação, fortalecimento, empoderamento político e profissionalização de suas associadas.
Por fim, a APTA pretende exercer importante papel educativo no cenário da cultura do DF, produzindo e distribuindo cartilhas e informativos que tenham como objetivo ambientes menos tóxicos para mulheres trans e cis, sejam elas trabalhadoras ou público, na incessante luta contra o assédio moral e sexual, abusos de poder e roubos de protagonismo. Nesse aspecto, prezará pela garantia de times de produção, conteúdos e programações que garantam a equidade de gênero, assim como de pessoas pretas, indígenas, LGBTQIA+ e deficientes.”
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