Indústria e comércio se ajustam à pandemia

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Indústria e comércio se ajustam à pandemia
Auxílio emergencial e proximidade do Natal ajudam a movimentar o comércio, mas para 2021 as expectativas são incertas. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (9/10/2020)

A regressão do Estado de São Paulo, incluindo Sorocaba, para a fase amarela no plano de flexibilização e reabertura da economia, na segunda-feira (30) é avaliada como uma medida que pode trazer consequências para a retomada da economia. A decisão recebeu críticas por ter sido tomada no dia posterior ao segundo turno das eleições, mas há também ponderação em função da questão sanitária envolvida.

Para o economista Renato Garcia, a medida traz consequências. “Mas é importante lembrar que isso é reflexo da pandemia. A pandemia tem avançado e os leitos de UTI estão ficando cheios novamente. Porém, as vendas pela internet tendem a trazer um alento para o comércio. A Black Friday mostrou isso. O auxílio emergencial incentivou a demanda e o volume de gastos pela internet foi considerável”, ressalva.

Indústria e comércio se ajustam à pandemia
Economista Renato Garcia: vendas pela internet trazem alento para as empresas. Crédito da foto: Acervo Pessoal

Ele ainda levanta dúvida sobre a possibilidade de recuperação rápida da economia. “Se recuperar totalmente é muito difícil. Tivemos um ano muito ruim e não podemos nos esquecer que antes da pandemia, já vínhamos muito mal. Não tivemos as reformas necessárias e a incerteza é muito grande. Isso tudo aliado ao risco fiscal faz com que o próximo ano não tenha perspectiva muito favorável. Temos 14 milhões de desempregados e o número tende a aumentar. Com o fim do auxilio emergencial, o cenário é de muita cautela. Além disso, a recuperação está ocorrendo em partes e de maneira desajustada. Alguns setores têm excesso de demanda e têm atingido picos históricos de negócios. Outros quebraram”, afirma.

Garcia também comentou sobre o passo dado para trás no questão da flexibilização. Segundo o economista, a decisão deveria ter sido tomada de maneira colegiada. “Óbvio que, economicamente, tem impactos adversos. Mas esse tipo de decisão é muito complexa. Caso não fizéssemos as restrições, será que estaríamos melhor? Será que as pessoas iriam se sentir seguras? Será que teríamos leitos suficientes? Veja, é uma decisão realmente complexa que envolve várias áreas e a sociedade deve entender a importância disso”, explana.

O economista ainda sugere que o município pode e deve buscar alternativas, principalmente para as pessoas que tiveram queda no nível de renda e os desempregados. Por fim, ele afirma que com a vacina, as coisas tendem a ficar melhores. Mas enquanto não temos, devemos fazer nosso papel como cidadãos. A gente não vive numa bolha, sozinho. Nossos atos afetam nós e os demais”, conclui.

Respeito às medidas

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Presidente da Acso, Sérgio Reze: É importante o comércio funcionar, mesmo com restrições. Crédito da foto: Fábio Rogério (26/11/2020)

O presidente da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), Sérgio Reze, afirma que é preferível que o comércio esteja aberto da forma que foi determinado, mesmo com as medidas adotadas. “É preciso respeitar as medidas de contenção para evitar que o vírus se espalhe. O comércio sente, está sofrendo, mas é preciso olhar para isso”, comenta, lembrando que as informações das autoridades dão conta de que os números de internações e de contágio estão aumentando. “Estamos vivendo a situação de uma crise. A imprensa está noticiando o crescimento das infecções. Enquanto não se tiver a segurança de uma vacina, vamos sofrer. Ele ainda considerou que 2020 foi um ano perdido no que se refere à educação e a parte da economia. “Precisamos tomar cuidado. É um problema para a saúde das pessoas. Temos que ter essa compreensão”, afirma.

Sem reflexo imediato

“Esta medida não era prevista, mas, de um modo geral, a gente sabia que mais horas menos horas, isso viria. Não vai ter um impacto inicial, primeiro porque estamos em uma retomada em V, até além das expectativas”, comenta o empresário Erly Syllos, diretor da Regional Sorocaba do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Ainda conforme ele, a recuperação rápida está causando a falta de matéria-prima em muitos segmentos como aço, resina de plástico, alumínio e embalagens de papelão.

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Diretor do Ciesp, Erly Syllos: indústrias locais têm apresentado dados positivos. Crédito da foto: Fábio Rogério (26/11/2020)

Syllos também lembrou que a indústria de transformação, que compõe boa parte do polo industrial de Sorocaba, apresenta dados bastante positivos, com crescimento de 2,2% acima dos índices de fevereiro, ou seja, antes da pandemia. “Não deveria ocorrer isso. Há outros caminhos, outros meios. Mas já está posto. No setor industrial não temos uma análise de queda”, lembra. Conforme ele, a situação passará a ser mais preocupante caso haja nova reclassificação e a cidade volte ainda mais, para a fase laranja, por exemplo, De acordo com Syllos, ainda falta diálogo sobre a decisão. “Falou a sensibilidade de sentar e conversar”, diz. A decisão, ainda de acordo com ele, gera insegurança com relação ao futuro. (Marcel Scinocca)

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