Com hospitais lotados e filas de pacientes para internação, prefeituras já transferem doentes com a Covid-19 para outras cidades no interior de São Paulo.
Nos últimos 15 dias, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a ocupação de leitos exclusivos para infectados pelo novo coronavírus subiu de 52,7% para 60,2%, mas em muitas cidades a lotação da rede hospitalar chega a 100%, atingindo picos iguais aos do auge da pandemia.
Gestores de saúde temem que as festas do fim do ano causem explosão no número de casos. A pasta afirma que habilitará dois mil novos leitos de UTI no Estado.
Nesta quarta-feira (16), duas unidades públicas de saúde de Sorocaba continuavam com ocupação total em UTI: o hospital Adib Jatene, mantido pelo Estado, e a Santa Casa. A indisponibilidade de leitos da Santa Casa se estendia, inclusive, para a enfermaria.
“Nossos 61 leitos (40 UTI e 21 de enfermaria) para Covid estão com pacientes e não temos estrutura para ampliar mais”, disse o administrador da Santa Casa, padre Flávio Jorge Miguel Junior. Ele manifestou preocupação com as festas do fim do ano. “Há uma ascensão no número de casos e pode piorar se não houver distanciamento nas festas. Nossas equipes estão exaustas e não conseguem descansar”, disse.
Outras cidades
Em Campinas, a Prefeitura voltou a suspender cirurgias eletivas (não urgentes) na Rede Mário Gatti, que inclui os hospitais Mário Gatti, Ouro Verde e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município. A medida foi tomada, segundo o prefeito Jonas Donizette (PSB), devido ao aumento no número de casos e mortes e à pressão sobre o sistema de saúde. O prefeito recomendou à rede particular que tome a mesma medida.
A prefeitura de Indaiatuba contratou oito leitos para Covid-19 no Hospital Samaritano de Campinas, mas todos estavam ocupados. O município foi obrigado a acionar a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) do governo estadual na segunda-feira (14), após constatar lotação das vagas de UTI.
O Hospital de Base de São José de Rio Preto, referência para 102 municípios da região, tinha 84 dos 145 leitos de UTI ocupados, taxa de 57%. Na enfermaria, a ocupação era de 39% — 77 dos 195. O hospital já estuda a suspensão das cirurgias eletivas.
No Hospital das Clínicas de Botucatu, que é público e referência para Covid-19 na região, a ocupação de leitos voltou ao patamar de julho. Na segunda-feira, a taxa chegou a 87%, com 42 pacientes internados. Na terça, dois pacientes tiveram alta, fazendo a lotação recuar para 83%.
Baixada Santista
Na Baixada Santista, o aumento dos casos de Covid preocupa, mas a taxa de ocupação hospitalar está abaixo de 50% na maioria das cidades. Nas últimas 24 horas, os nove municípios tiveram 618 registros de infectados. Há 373 pessoas internadas. Dessas, 308 estão em Santos, onde a ocupação dos 697 leitos para Covid está em 44%. Já nos 287 leitos de UTI, a taxa é de 54%, com ocupação maior da rede privada (65%) do que na pública (435), segundo números da prefeitura.
Mais leitos
O governo de São Paulo informou que garantirá o custeio e financiamento de dois mil leitos de UTI no Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Estado. Conforme a secretaria estadual, a habilitação dos leitos já foi pedida e está sendo analisada pelo Ministério da Saúde. “Temos a necessidade não só de reforçar o sistema de saúde, garantindo leitos de Covid para nossa população, mas também adotando medidas emergenciais e tendo a possibilidade de ter uma vigilância que nos permita que essas medidas garantam a segurança da população”, disse o secretário Jean Gorinchteyn.
Segundo a pasta, essas vagas serão garantidas com o valor de diária de UTI definido pelo Ministério da Saúde exclusivamente para atendimento aos pacientes com coronavírus, à razão de R$ 1,6 mil por dia. A habilitação abrangerá todas as regiões, em serviços de saúde estaduais, municipais, universitários e conveniados ao SUS em Santas Casas e hospitais filantrópicos.
Também devem ser prorrogados 70 convênios que venceriam em 31 de dezembro e que dão suporte às Santas Casas e municípios para manutenção de leitos para Covid-19. Segundo a pasta, no período pré-pandemia, o SUS paulista contava com 3,5 mil leitos de UTI, número que subiu para 8,5 mil com a ativação de 5 mil novos leitos. (Estadão Conteúdo)
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