A chegada do streaming ao país fez o brasileiro mudar a forma de consumir conteúdo. Logo que aterrissaram no Brasil, as grandes plataformas mundiais, como Netflix, Amazon, Disney+ e Globoplay ocuparam as telas de celulares, notbooks e smarts TVs e colocaram em cartaz uma infinidade de títulos – a maior parte deles internacionais. Entre séries, filmes e documentários, uma tendência tem sido observada pela audiência em todas as plataformas desde meados de 2019: a presença de conteúdo nacional cresceu exponencialmente.
À frente de uma importante produtora de audiovisual nacional, Igor Kupstas reconhece que a chegada dos streamings, iniciada pela Netlifx, sinaliza uma grande revolução nos meios. “Os canais de TV e os estúdios, todos, perceberam o sucesso do formato um pouco tardiamente e procuraram investir no mesmo modelo, como o caso da Disney e a Warner com a HBO Max”, elenca.
Diretor da O2 Play, Igor opina com propriedade sobre o que motiva a explosão de produções nacionais no catálogo dos streamings.
“Essas plataformas perceberam que uma coisa relevante é ter conteúdo local forte. Então, para conquistar o mercado local é preciso ter diferenciais. Por isso que hoje está todo mundo atrás de boas séries, bons filmes nacionais. Eles querem produzir, querem exclusividade, querem os grandes talentos e querem o que têm audiência. Todos buscam a mesma coisa: audiência”, explica.
O início
Há tempos, a Netflix deixou claro o interesse em conquistar os brasileiros. Há quase uma década chegou ao país e mostrou seu pioneirismo ao lançar a série 3%, ainda em 2016. À época, o seriado tornou-se um dos maiores sucessos mundiais em língua não-inglesa. “Desde então, ampliamos nossa produção para além de séries para TV, incluindo filmes, documentários e realities, exportando nossas histórias para os mais de 190 países onde o serviço está presente”, disse a empresa, via assessoria de imprensa, ao Metrópoles.
A contratação de rostos conhecidos no país também foi uma das estratégias de nacionalização mais recentes da plataforma: Bruna Marquezine, Eliana, Sheron Menezzes, Bruno Gagliasso, Manu Gavassi e Marcos Mion passaram a fazer parte do elenco da Netflix.
Quando o assunto é título nacional, a plataforma adianta que muita novidade vem por aí: Temporada de Verão e Maldivas e as segundas temporadas de Cidade Invisível; Bom Dia, Verônica; Irmandade e Sintonia, além das versões brasileiras de realities shows como Brincando com Fogo e Casamento às Cegas, além do primeiro filme de ação original brasileiro da Netflix, Carga Máxima.
Amazon Prime
No último dia 4, a Amazon Prime Vídeo lançou DOM, seu primeiro título nacional de drama. Sucesso de crítica, a série que conta a história de um criminoso brasileiro e se mostrou como uma superprodução.
Malu Miranda, Head de Conteúdo Original para o Brasil do Amazon Studios, explica que o aumento das produções nacionais na plataforma aconteceu em função da Amazon ter entrado com mais força no Brasil em setembro de 2019 com o lançamento do Amazon Prime.
“Logo na sequência começamos a trabalhar as produções nacionais, mas isso acabou convergindo com a pandemia, que veio no início de 2020. No caso de Dom, foi uma grande sorte termos terminado de filmar no dia anterior ao início do lockdown no Brasil. Estamos começando agora a lançar essas produções [nacionais] e estamos muito otimistas e animados com a recepção do público”, afirma Malu.
Disney+
A Disney+ está providenciando sua primeira série original no Brasil. No início de junho, a plataforma anunciou que as gravações de Tudo Igual…SQN já começaram.
De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, “a série faz parte da grande oferta de novas produções do Disney+ totalmente desenvolvidas na região, alinhada ao compromisso assumido pela The Walt Disney Company Latin America de produzir conteúdo de relevância local para o serviço de streaming em parceria com produtoras da região e reunindo talentos reconhecidos”.
Tudo igual…SQN será ambientada no Rio de Janeiro e a previsão é que chegue à plataforma de streaming da Disney em 2022. A trama conta a história de Carol, uma adolescente que, ao lado de suas melhores amigas, começa o ensino médio e passa por dilemas típicos da fase juvenil.
Maior concorrência
Se já é difícil para o brasileiro escolher entre streaming assistir, a missão pode se tornar ainda mais complicada. Isso porque outras duas plataformas já têm data para chegar ao país: HBO Max, com estreia no próximo dia 29; e Star+, previsto para agosto.
Essa leva de opções no território brasileiro tem explicação. Igor Kupstas, o diretor da O2 Play, acrescenta que todas essas empresas veem o Brasil como um lugar com potencial para apostar devido ao perfil dos consumidores de conteúdo.
“O Brasil é um país muito grande e que, apesar de grande parte da população ainda ter dificuldade de acesso à internet, o brasileiro ama as redes sociais, ama socializar, compartilhar muitas fotos e comprar”, analisa.
“Existe um potencial enorme no Brasil. A gente já é grande como audiência, mas a gente pode crescer ainda muito mais. Então, o que todas as plataformas do mundo querem agora é tentar disputar um pouco desse pedaço, essa atenção que, de certa forma, a Netflix já cravou uma mordida grande. Contudo, ainda tem espaço! Todo mundo quer vir para cá para crescer junto”, finaliza.
Casa de novelas, o Globoplay também tem se destacado pelas séries originais que valorizam a produção audiovisual. A recente Onde Está o Coração?, com Leticia Colin, Fábio Assunção e Daniel Oliveira, agradou público e crítica, assim como o universo da fantasia de Desalma.
“O Globoplay é a plataforma de streaming da Globo e a que mais cresce no Brasil, onde o público encontra as principais produções nacionais e grandes títulos internacionais, com uma diversidade de títulos e gêneros selecionados especialmente para atender aos diferentes perfis da audiência brasileira”, comentou o serviço, por meio de nota.
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