As declarações da fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre um esquema de “rachadinha” dentro do gabinete do então deputado federal são alvos de duas investigações preliminares abertas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações estão nesta terça-feira (24/8) na coluna da jornalista Juliana Dal Piva, do Uol, que em julho revelou áudios que mostrariam o suposto envolvimento de Bolsonaro em esquemas de apropriação de salários de assessores de 1991 a 2018.
Segundo Andrea, Bolsonaro, quando deputado, demitiu o irmão dela porque ele não estaria cumprindo o combinado de devolver o valor acertado.
“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele, porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’”, declarou Andrea, irmã de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente.
Andrea teria sido funcionária fantasma dos gabinetes da família Bolsonaro por 20 anos, entre 1998 e 2018. Nas gravações reveladas pela jornalista, ela contou que devolvia 90% do salário que recebia da Câmara dos Deputados, mesmo morando em Resende, cidade do sul do Rio de Janeiro, e conhecida por trabalhar em serviços temporários e faxinas.
Segundo a PGR, os fatos relatados nas gravações são “objeto de duas notícias de fato (investigações preliminares)”
Uma dessas apurações tramita na própria PGR e a outra, na Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF). O caso que tramita na PGR está em andamento na Assessoria Criminal. A PGR, porém, não esclareceu o motivo da abertura de dois procedimentos diferentes.
Outras denúncias
Em uma segunda denúncia revelada pelos áudios, o chefe do Executivo federal é conhecido na família Queiroz como “01”. Os áudios apontam diálogos entre Márcia Aguiar, esposa de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, que já é investigado na apuração de “rachadinha”, e a filha.
Nos áudios, mãe e filha comentam que Bolsonaro, que já era presidente, não deixaria Queiroz voltar ao cargo de assessor no gabinete de Flávio.
“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas, enfim, não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, disse Márcia.
Na terceira denúncia, a jornalista mostra que não só Queiroz recolhia os salários de assessores, mas que outras pessoas também foram, supostamente, designadas para a tarefa. Um coronel da reserva do Exército, de nome Guilherme dos Santos Hudson, foi apontado pela ex-cunhada de Bolsonaro como responsável por cobrar parte do recebimento.
Na ocasião, a reportagem do Uol entrou em contato com o advogado do presidente, Frederick Wassef, que disse que os fatos não procedem. “São narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos”.
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