A entrada da variante Ômicron do novo coronavírus no Brasil incentivou o Ministério da Saúde a anunciar, no sábado (18/12), a redução do intervalo para aplicação da dose de reforço das vacinas contra Covid-19. Com a decisão, todos os brasileiros com 18 anos ou mais poderão tomar a dose extra quatro meses após a segunda injeção.
Nas redes sociais, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu que a antecipação do reforço é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, em especial nos grupos de risco.
A decisão, entretanto, gerou algumas dúvidas entre as pessoas sobre a real necessidade de antecipar a terceira dose e a efetividade das vacinas aplicadas num intervalo mais curto.
Especialistas em saúde pública afirmam que, diferentemente do esquema primário de vacinação, em que o intervalo mínimo entre as duas doses deveria ser rigorosamente respeitado para garantir a formação adequada da resposta imunológica, a antecipação do reforço é positiva no atual cenário da pandemia.
“Cada vacina funciona como um estímulo, chamado cientificamente de desafio. A cada desafio que o organismo recebe, ele produz mais anticorpos”, explica a infectologista Ana Helena Germoglio.
Saiba mais sobre a variante Ômicron do coronavírus:
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A variante Ômicron foi identificada na África do Sul, com amostras colhidas no início de novembro de 2021
Andriy Onufriyenko/Getty Images
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu o alerta sobre a nova variante em 24 de novembro
GettyImages
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A Ômicron assusta os pesquisadores por ter muitas mutações, mais do que as outras variantes identificadas até o momento
Pixabay
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São pelo menos 50 mutações, entre as quais 32 ficam localizadas na proteína Spike, usada pelo coronavírus para invadir as células
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Os cientistas alertam que não há como saber ainda se as mutações tornaram o vírus mais letal ou mais resistente ao sistema imunológico
BSIP/Colaborador/Getty Images
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Até o momento, não há muitas informações sobre a variante na prática. Porém, pesquisadores da África do Sul acreditam que o risco de reinfecção aumenta 2,4 vezes em quem teve Covid-19
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Ainda não se sabe se as mutações tornam o vírus mais eficiente em fugir da proteção oferecida pelas vacinas
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Países têm aumentado restrições para conter avanço da nova cepa
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Estudos reforçam a necessidade da vacinação contra a Ômicron
Metrópoles
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Estudos científicos anteriores à Ômicron indicavam que o tempo ideal para a aplicação do reforço deveria ser de cinco a seis meses. No entanto, a variante colocou o mundo em uma nova corrida contra o tempo.
Ensaios feitos em laboratório e com dados reais, realizados em universidades conceituadas e pelas principais empresas farmacêuticas desenvolvedoras de vacinas, mostram que a imunização primária não é suficiente para garantir a proteção adequada contra a nova versão do coronavírus.
Por outro lado, o reforço aumenta significativamente o nível de anticorpos neutralizantes capazes de combater a doença. “Com a terceira dose, há um aumento significativo da quantidade de anticorpos produzidos contra a Covid. Isso significa que o reforço é realmente necessário”, afirma a infectologista Ana Helena Germoglio.
O tempo entre as doses pode ser baseado na circulação viral e no maior risco de infecções e hospitalizações em uma localidade. O reforço também pode ser usado como uma estratégia para garantir que mais pessoas estejam protegidas nos próximos meses, no período entre o Natal e o Carnaval, quando naturalmente ocorre maior circulação de pessoas.
“Se tem locais com uma alta circulação viral, é válido antecipar de seis para quatro meses a terceira dose sem prejuízo nenhum à resposta imunológica. Você estará provocando um novo desafio para o sistema imune, fazendo com que ele se proteja mais”, diz Ana Helena.
Reforço para imunossuprimidos
Junto à decisão de antecipar a dose extra para a população geral, o Ministério da Saúde anunciou que as pessoas imunossuprimidas poderão também receber uma quarta dose no intervalo mínimo de quatro meses.
A medida foi tomada considerando a “tendência de redução da efetividade das vacinas contra a Covid-19 com o passar do tempo”.
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