Entrevista: “Não posso ser a 1ª a falar em vice”, diz Simone Tebet

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Única mulher pré-candidata à Presidência da República até agora, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem pela frente a missão de provar sua viabilidade na congestionada “terceira via”. De cara, em entrevista à coluna, a senadora que começou a ganhar destaque no comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, em 2019, explica que tem um objetivo definido com o MDB para 2022.

Minha candidatura, além de eleitoral, é uma candidatura política. E eu não posso me esquecer disso”, diz a senadora. Atual presidente da bancada feminina do Senado, ela recusa ser o primeiro nome da terceira via a falar em compor uma chapa como vice. Mas prega pacificação ao dizer que conversa com todos dispostos a conversar. “Se a gente fala que não conversa com Jair Bolsonaro, é porque Bolsonaro não conversa conosco”.

Qual o objetivo de sua campanha à presidência da República?

Essa candidatura do MDB, muitos demoraram, mas agora começam a entender, é uma candidatura política. Primeiro para dentro, que dá palanques estaduais, faz o MDB voltar a entender que ele é um partido municipalista, que tem que eleger o maior número possível de prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores e senadores. E para fora, como grande partido de centro. Que poderá estar convergindo para um centro democrático como alternativa de poder.  Aliado ao fato, e aí é por mim que eu falo, que foi uma das razões que eu decidi trocar algo relativamente confortável (reeleição ao Senado), é o fato que nenhum partido grande ou médio até agora colocou como pré-candidata uma mulher.

Mas existe viabilidade política nessa candidatura diante de tantos nomes se apresentando como terceria via?

Existe uma ansiedade nossa, e a imprensa acaba absorvendo essa ansiedade. De falar: “Nossa, está congestionada a terceira via”. Olha só: Luciano Huck (Cidadania) desistiu, Joaquim Barbosa (PSB) desistiu. Henrique Mandetta (DEM), a princípio, agora é um nome para vice — diga-se de passagem, um excelente nome. Acho que o centro democrático tem que estar unido para falar o melhor de nós. 


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Pretende manter a candidatura sem essa viabilidade ou topará ser vice?

Isso depende muito do partido. Minha candidatura, além de eleitoral, é uma candidatura política. E eu não posso me esquecer disso. Então, me recuso a falar de vice, até por ser a única candidata mulher. Não posso ser a primeira a falar em vice. Isso não está no meu vocabulário. Aliás, o MDB em nenhum momento exigiu de mim qualquer coisa nesse sentido. O MDB tem liberdade em relação a isso. E eu não tenho “plano B” nacional. 

Com qual dos pré-candidatos da terceira via tem mais afinidade?

Eu me dou bem com todos. O Henrique Mandetta é do meu Estado (Mato Grosso do Sul). O João Doria (PSDB) eu me dou bem. Já estive na casa dele, a gente se fala por telefone. Eu convivi com o Sergio Moro (Podemos) enquanto eu era presidente da CCJ e ele, ministro da Justiça. Raramente a gente se fala por WhatsApp, mas a gente se fala. O único que eu não conhecia era o Eduardo Leite (PSDB).

E com quem não senta para conversar?

Entendo que a terceira via, o centro democrático, é uma alternativa tanto a Lula (PT) quanto a Jair Bolsonaro (PL). O centro democrático veio como uma alternativa de poder ao passado que não queremos ver de novo e ao presente que ai está. Agora, ninguém pode se recusar a conversar com ninguém. Se a gente fala que não conversa com Bolsonaro, é porque Bolsonaro não conversa conosco. É porque há uma intransigência do lado de lá. Como você vai se recusar a conversar com quem faz política.

Como vê o temor de parlamentares de perder parte do fundo eleitoral para candidatos ao Planalto?

Apesar da minha candidatura poder diminuir o fundo (eleitoral), apesar de elas (candidaturas) serem muito mais baratas hoje, com redes sociais, acredito que eu equilibro o possível uso do fundo eleitoral, com a situação do fato de dar conforto aos palanques regionais, que eu não tenho rejeição. Isso influência muito as bancadas estaduais. O MDB sempre foi de Parlamento.

Qual maior desafio da sua pré-candidatura daqui para frente?

Me tornar conhecida. As pessoas ouvirem o que tenho a dizer, para eu apresentar minhas propostas para o país. 

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