Um morador de Belo Horizonte escapou de um golpe, conseguiu tomar o celular de um motoboy suspeito de participação no esquema e procurou a Polícia Civil de Minas Gerais para registrar o caso na última semana.
Veja a matéria que foi exibida no fantástico https://globoplay.globo.com/v/10081918/
- Em novo golpe, falso entregador pede ‘foto de confirmação’ e recebe financiamento de até 100 mil reais em nome da vítima
O caso viralizou no Twitter neste fim de semana. O analista de testes de software Paulo Gonçalves, de 26 anos, compartilhou o vídeo do momento em que ele consegue pegar o aparelho telefônico do motoboy
“Na sexta-feira, pouco antes do almoço, recebi um SMS da Serasa informando que dois bancos tinham consultado meu score (pontuação) e estranhei. Sou bem ligado nessas questões de segurança e pago para receber essas informações”, contou o jovem ao g1 Minas.
No início da tarde do mesmo dia, Paulo recebeu uma mensagem via WhatsApp de uma suposta floricultura com DDD 31 informando que receberia um presente de um remetente oculto.
“Falaram que tinha um presente e pediram para eu responder alguns dados. Perguntei à minha namorada se o presente teria sido enviado por ela, o que foi negado. Estou mudando de país e pensei que poderia ser dos meus colegas de trabalho. Estava em uma reunião on-line com eles, perguntei e não era. Já tinha visto uma matéria no Fantástico sobre o golpe do motoboy e comecei a desconfiar”, explicou Paulo.
Em novo golpe, falso entregador pede “foto de confirmação” e recebe financiamento de até 100 mil reais em nome da vítima
Chegada do motoboy com o presente
Paulo conta que foi informado pela suposta floricultura da chegada do motoboy no prédio em que ele mora. Ele fez contato com o motociclista que lhe entregou um kit de perfumaria.
“Ele disse que a floricultura pedia uma comprovação que o presente tinha sido entregue ou seria descontado do salário dele. No entanto, informou que o sistema tinha caído e que voltaria mais tarde para que pudesse ser feita a foto do meu rosto para comprovar”, afirmou o analista.
Cerca de dez minutos depois, Paulo recebeu uma outra mensagem informando que poderia fazer novo contato com o motoboy. E, nesse momento, ele começou a gravar. Ao se aproximar do motociclista, o homem pediu para que ele retirasse a máscara para que a selfie fosse feita.
O jovem pegou o celular e saiu correndo. Ao olhar o aparelho do homem, ele percebeu que havia uma tela com uma assinatura de documento pendente de um financiamento de veículos. Para que pudesse prosseguir era necessário ter a biometria de face.
Tela do aparelho do motoboy — Foto: Paulo Gonçalves / Divulgação
“Acredito que ele fez isso tudo para conseguir a minha imagem e concluir o financiamento. Levantei algumas informações de que ele seria de São Paulo. O que eu fiz de pegar o celular foi algo arriscado, mas sabia que não era um golpe de violência, mas de enganação. Ele não foi atrás para pegar o aparelho de volta, saiu na moto pela contramão. Agora está com a polícia”, finalizou.
A reportagem tentou contato com a suposta floricultura, mas as ligações foram direcionadas para a caixa postal do celular.
A Polícia Civil disse que instaurou inquérito policial e “os trabalhos policiais seguem em andamento para completa apuração dos fatos na 2 ª Delegacia Especializada em Investigação de Fraudes”.
O aparelho celular do suspeito foi apreendido e encaminhado para perícia.
Veja como o golpe funciona :
- A vítima recebe uma mensagem no WhatsApp de algum estabelecimento comercial informando que irá enviar um presente e pede para confirmar dados para entrega. Porém, a quadrilha já está de posse dos dados. (ainda não se sabe como os criminosos conseguem estas informações)
- Em seguida, um motoboy (que faz parte da quadrilha) vai até a vítima, entrega o produto e diz que precisa tirar uma foto da pessoa para comprovar que o objeto foi entregue
- O motoboy usa o próprio celular para apontar a câmera frontal para o rosto da vítima
- Uma fita isolante é usada na tela do aparelho e, assim, não revelar que o aplicativo do banco da vítima está aberto
- No momento em que ele finge bater a foto, o criminoso entra no aplicativo do banco, usando a identificação biométrica