ES: após Casagrande unir-se a Moro, Contarato arma palanque para Lula

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Pré-candidato do PT ao governo do Espírito Santo, o senador Fabiano Contarato terá seu nome lançado oficialmente nesta segunda-feira (21/2).

A candidatura ocorre uma semana depois de o atual governador do estado, Renato Casagrande (PSB), promover uma recepção para o ex-juiz Sergio Moro no estado. O ex-ministro deve ser o nome do Podemos na corrida ao Palácio do Planalto deste ano.

A situação causou desconforto na federação em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.

Em conversa com o Metrópoles, Contarato classificou o comportamento de Casagrande e o endosso a declarações antipetistas como exemplos de atitude “infeliz”, “não ética” e “imprudente”, inclusive em relação ao seu próprio partido, o PSB, que tenta formar a federação com o PT, o PCdoB e o PV.

“Xô Satanás”

Uma postagem corroborada pelo governador nas redes sociais, logo após o encontro, acusava o PT de ter feito aliança “até com o satanás” e reclamava das críticas feitas ao fato de o governador capixaba ter recebido o adversário de Lula, enquanto seu partido costurava a aliança nacional com o petista.

Casagrande, pelas redes sociais, apoiou o comentário. “Achei que ele foi muito infeliz com esse comportamento”, disse. “Um governador tem que ser um estadista, um democrata, ele faz parte de um partido progressista”, apontou.

“Por mais que ele possa ter agido no ambiente da legalidade, não tenhum nenhum ordenamento jurídico no Brasil que possa ser sedminentado se não for em cima de um comportamento ético. Então, eu acho que aquele comportamento foi não ético, foi imprudente, e que agravou a relação entre os dois partidos”, analisou.

Decisão de partido

Na reunião com o ex-juiz, Casagrande teria garantido não dar palco para Lula no Espírito Santo. Contarato surge como uma opção de palanque para o ex-presidente no estado e não esconde sua posição de respeitar a decisão tomada pela bancada do PSB de priorizar o projeto de levar o petista de volta ao Planalto.

Entre as exigências apresentadas pelo Partido Socialista Brasileiro na federação, está a de que o PT não lance candidato em nenhum dos estados considerados prioritários para a sigla. O Espírito Santo é um desses lugares que o PT abriria mão de ter um nome como cabeça de chapa.

“O que vai acontercer lá na frente, nós ainda vamos ver, mas eu trabalho com a hipotese da viabilidade de minha candidatura por isso que o próprio partido está se reunindo com a diretoria para oficializar meu nome”, observou.

Contarato ressalvou que, caso a direção nacional decida abrir mão do estado, ele acataria a decisão. No entanto, trabalha com a ideia de viabilidade do seu nome.

“Eu entrei no PT não foi com a condição sine qua non de ser candidato. Eu entrei por acreditar no projeto de governo. Sempre fui defensor dos direitos humanos e das causas sociais. Acho que o PT lutou pela redução das desigualdades e realmente colocou o pobre no orçamento”, disse, parafraseando Lula.

“Agora, o objetivo primordial do ex-presidene Lula. Então, eu quero contribuir para isso. Se for necerrário não ter candidatura, vou acatar a decisão de partido. Mas o que eu tenho hoje é que eu sou pré-candidato, a militância está aguerrida, eu estou animado e acho que o Espírito Santo merece uma candidatura progressista com o “P” maiúsculo”, ressaltou.

Palanque de Lula

É nesse contexto que a “promessa” de Casagrande feita a Moro de não dar palanque a Lula, além de azedar a federação, pode levar ter na campanha um adversário não desejado em sua intenção de permanecer no Palácio Anchieta, sede do governo local. Contarato apontou ainda a obrigatoriedade do atual governador de dar palanque a Lula, caso o acordo pela federação seja realmente fechado.

“Seria um risco, mas se for feito esse acordo de apoiamento entre o PSB e o PT para a eleição de Lula, invariavelmente, o governador vai ter que dar palanque para o ex-presidente aqui no estado. Exatamente por isso que eu acho esse movimento dele muito imprudente. Além de se movimentar para dar palco para Sergio Moro, quando ele ratifica uma fala, atribuindo ao PT a ideia de alianças com satanás, isso não condiz com o comportamento de um estadista”, observou.

“Então, volto a falar na ética. Fica complicado esse palanque aqui no estado. A minha leitura é que, se o acordo nacional ocorrer, Casagrande vai ter que dar esse palanque aqui para Lula. Como isso vai ficar perante esse comportamento é que vejo uma certa incompatibilidade”, destacou.

Para Contarato, a atitude de Casagrande foi individual e que não pode ser confundida com a postura da sigla.  “Claro que é um comportamento dele, do governador Casagrande, isso não retrata a postura do PSB”, observou.

Combate ao preconceito

Contarato está em seu primeiro mandato como senador. Ele foi eleito pela Rede e recentemente, após receber o convite de Lula, migrou para o PT.

Antes, era delegado de polícia e sua estreia na política aconteceu desbancando o nome considerado favorito para o Senado em 2018, o ex-senador e pastor batista Magno Malta (PL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), e defensor da chamada “família tradicional” que, no entender desse grupo, significa a negação de direitos civis à comunidade LGBTQIA+.

Gay assumido, casado com Rodrigo Grobério, Contararo é pai de duas crianças, Mariana e Gabriel. Ou seja, uma família bem diferente da tradição defendida pelo presidente da República e pelo pastor.

Esse tipo de contraste de pensamento que o senadores pretende encampar nas atividades de sua pré-campanha pelos estado,

“Eu não estou me furtando desse desafio. Não é por vaidade, é por acreditar que nesse momento de tanto ataque à democracia, neste caos em que grande paerte da população se revela tão sexista, homofóbica, racista, misógina, xenofóbica, eu acho que nesse ponto é importante as pessoas fazerem esse enfrentamento”, disse o senador. “Então estou animado e se depender de mim e da militância do PT, a gente vai discurir o Espírito Santo como pré-candidato ao governo”, disse.

“Já estamos montando um grupo de trabalho para construir um projeto de governo para o Espírito Santo que atenda as questões de desiguladade regional que se tem aqui. Acho que o fator social e a elevada carga tributária nós temos que tentar modificar”, destacou.

Código Penal

Nesta semana, Contarato foi designado para ser o relator do novo Código Penal, que está sob análise da Comissão de Constitição e Justiça (CCJ) do Senado.

Na entrevista, ele rebateu insinuações de que, como petista, não vai prezar por dar um caráter duro a penas para crimes de colarinho branco, ou seja, para a corrupção.

“Não se pode pensar que uma pessoa é condenada a oito anos de prisão e não vai ficar nem um dia na cadeia”, reagiu.

Ele disse ainda que pretende trabalhar com a ideia de que quem está preso hoje no Brasil são pessoas negras e pobres e que esse perfil precisa mudar para ser justo.

“Temos que ter em mente que tem está preso no Brasil hoje são pretos, pobres e analfabetos. Enquanto isso, os crimes que causam maior prejuizo são os praticados por políticos, contra a ordem tributária, contra o sistema financeiros, corrupção ativa e passiva, peculato, concussão, descaminho, contrabando. Qual é o percentual da população carcerária desse perfil de criminoso no Brasil?”, questionou.

“Não tenho dúvida de que quando se pratica o furto, tem uma vítima determinada. Mas, quando um agente público ou político desvia verba da saúde, ele mata milhões de pessoas”, destacou.

“Uma das primeiras emendas que eu apresenteu na CCJ no primeiro ano de mandato era para determinar como crime hadiondo o desvio de verbas púbicas de programas sociais. Ele não foi aprovado. Eu sou um defensor de que a lei seja cumprida para todo mundo”, enfatizou.

 


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