Entenda a importância do Grammy de Jon Batiste para o segmento musical

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Jon Batiste foi o grande nome do Grammy 2022, faturando cinco premiações, sendo uma delas a de Álbum do Ano. O artista superou grandes nomes do pop como Olivia Rodrigo, Billie Eilish ou Doja Cat com We Are, um disco repleto de sonoridades próximas ao soul e ao jazz.

A premiação, de certa forma, foi surpreendente. Mesmo assim, não deixou de ser merecida. Apesar do cantor e pianista não ser uma figura famosa fora dos Estados Unidos, ele foi reconhecido pelo trabalho musical e estético entregue na produção vencedora.

“Ele estudou música a vida inteira e vem de New Orleans, uma cidade muito ligada ao jazz, ao blues e ao R&B. A principal força do álbum We Are é o soul, mas tem músicas de todos os tipos, desde referências ao jazz antigo, do século 1920, até coisas mais recentes do hip hop. É um artista muito versátil, competente e talentoso”, exalta Guilherme Guedes, jornalista e apresentador.


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Outro fator que também chama atenção no álbum é a presença explícita do lado ativista de Jon Batiste. Artista negro, ele entrega suas vivências como estadunidense nas composições e explora a improvisação do jazz no processo artístico, seja visual ou musicalmente.

 

Mudanças no Grammy

Jon Batiste quebrou um tabu de 14 anos ao vencer o prêmio de Álbum do Ano. O último artista negro que saiu consagrado com a mesma premiação foi Herbie Hancock, que venceu com River: The Joni Letters, em 2008. Mas será que isso é o suficiente para ver uma mudança no Grammy nos próximos anos?

Segundo o jornalista e apresentador Guilherme Guedes, a nomeação não está distante do que a Academia costuma fazer. Tanto Jon Batiste como Herbie Hancock são cantores e pianistas, com sonoridades próximas, e, mesmo sendo artistas negros, trabalham com estilos musicais conservadores, que agradam o Grammy.

“É uma premiação muito conservadora, que tem um histórico de não reconhecer novos talentos e se renova com muita lentidão. We Are é um trabalho muito refinado, elegante e com profundidade. Jon Batiste fez um álbum maravilhoso e mereceu ser premiado, mas não acho que essa vitória soe tão distante do que o Grammy sempre mostrou ser. Não sei se sinaliza uma grande mudança na Academia”, afirma.

Ele conta, ainda, que a premiação, em geral, continua colocando artistas negros em subcategorias, tirando a oportunidade de aparição em prêmios de maior expressão.

“É algo que realmente não faz sentido. A gente vê a quantidade de artistas negros movimentando a indústria musical, levando a música para novos lugares, e isso não ser reconhecido pelo Grammy é um absurdo. Os artistas negros ficam limitados. Tem muita coisa para acontecer, muita evolução para o Grammy ser uma premiação que valoriza os artistas negros como eles merecem”, pontua.

Inspiração

No Brasil, alguns artistas seguem uma musicalidade próxima a de Jon Batiste, com influências do soul, dos instrumentos do jazz e com temáticas sobre as vivências. Um exemplo é Jonathan Ferr, cantor que trabalha com o jazz urbano e ficou contente ao ver o estilo representado e vitorioso no Grammy.

“É uma grande resposta para o mercado brasileiro que aposta muito no trap e no sertanejo. Jon Batiste é um músico e um produtor incrível, ter essa premiação com o jazz é muito relevante. Conheci ele há dois anos, no YouTube, e peguei muitas referências para o meu próximo trabalho, Liberdade”, conta.


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O artista brasileiro faz parte do casting da Som Livre. Gregg Bordallo, gerente de artístico e repertório da produtora, exaltou a sonoridade trabalhada por Jonathan e explicou a aposta no cantor ao vê-lo transitar por vários gêneros musicais imprimindo muita emoção .

“O jazz é um gênero musical encantador, que rompe fronteiras e que tem sua importância no cenário mundial. O Brasil sempre teve nomes respeitadíssimos nesse movimento. Ver um nome do jazz ganhando um prêmio tão relevante como a categoria máxima do Grammy nos enche de alegria e abre um caminho de possibilidades. A Som Livre sempre fez e faz questão de estar presente em todos os gêneros musicais, e ter um artista tão especial e talentoso, como o Jonathan Ferr, erguendo a bandeira do nosso jazz brasileiro, nos enche de muito orgulho”, comemora.

O artista, fã de John Coltrane, começou a tocar piano com nove anos e foi introduzido ao jazz com 18 anos. Na maioridade, descobriu-se como homem preto, ganhou consciência política e introduziu os conhecimentos no jazz urbano, que transita nas cidades e busca democratizar o estilo. O trabalho, semelhante com o do premiado no Grammy, vem conquistando adepto de várias idades pelo Brasil.

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