“Quero a valorização da cultura surda”, diz professor de Libras

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Nascida da vontade de desenvolver políticas de inclusão para a comunidade surda no Brasil, em 24 de abril de 2002, há exatos 20 anos, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no país.

A Lei nº 10.436, conhecida como Lei de Libras, foi o resultado de uma mobilização da comunidade surda nacional pela ampliação de seus direitos e maior visibilidade de sua condição pela população.

“Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras, a forma de comunicação e expressão de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituindo um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil “, diz parte do texto publicado durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Renato Falcão, professor de Libras no Instituto Nossa Senhora do Brasil e voluntário no Hospital da Criança de Brasília, afirma que a língua de sinais é uma linguagem natural, criada para promover a inclusão social de crianças e adolescentes surdos e não surdos.

“Nas escolas, o ensino de Libras na educação infantil para crianças ouvintes possibilita a interação entre os dois grupos (surdos e não surdos): isso sim é uma educação inclusiva, responsável pela formação de alunos surdos,  que cria possibilidades”, conta o pernambucano de 47 anos.


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Renato apresenta um grau de surdez de perda auditiva do tipo neurossensorial profunda bilateral. “Aos 3 anos, fui diagnosticado com sarampo, que me causou a surdez. Passei por vários tratamentos com fonoaudiólogos e otorrinos e usei aparelhos auditivos por muitos anos”, conta ele.

Falcão explica que teve o primeiro contato com a Libras aos 19 anos, em Brasília, por meio de um amigo surdo. “Eu aprendi o alfabeto manual e ele me ensinou vários sinais”, explica. O professor gravou um pequeno vídeo em que faz um pedido especial: que os surdos possam valorizar sua cultura e identidade por meio da Libras.

Confira:

Diagnóstico clínico de surdez

A médica otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia Larissa Camargo, explica que o diagnóstico de redução de acuidade auditiva (perda auditiva) é realizado com exames audiológicos – como a audiometria completa – avaliação coclear (otomessões acústicas) e avaliação do nervo auditivo, avaliando-se o tipo de perda, intensidade e localização da alteração na membrana timpânica, na cadeia ossicular, na cóclea ou no nervo auditivo.

O mais importante é que o diagnóstico seja precoce, e haja um acompanhamento com um otorrino que estabeleça a localização e o grau de perda auditiva com exames, além de se indicar o tratamento mais adequado para cada caso”, pontua ela.

Após o reconhecimento da condição, a médica goiana destaca que população surda ainda precisa ser vista pelos governantes e instituições de ensino. “Hoje existem universidade com grades curriculares de ensino de Libras, mas ainda precisamos incentivar a população geral a aprender a linguagem”, salienta.

Acerca da diferença entre uma pessoa surda e um deficiente auditivo, Camargo explica que é considerado surdo aquele que apresenta uma perda profunda de sensibilidade, ou seja, ausência total de percepção sonora.

A deficiência auditiva é a diferença existente entre o desempenho do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora, de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI), ou seja, é a redução parcial da acuidade auditiva.

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