Atriz Ana Flavia Cavalcanti abre o jogo sobre intolerância religiosa

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Ana Flávia Cavalcanti se destacou em produções da Rede Globo e viu a sua gama de trabalho aumentar com um convite da Star+ para estrelar Santo Maldito. Nesta última série, a trama é toda voltada para a intolerância religiosa. Adepta do candomblé, a atriz relembrou o preconceito sofrido durante diversos momentos da sua vida em diversos segmentos, seja por sua religião, por vir da favela, por ser negra e até por sua sexualidade.

A série Santo Maldito, da Star+, tem como enredo a religião e o mercado da fé. A produção conta a trajetória de um frustrado professor ateu (Felipe Camargo), que se transforma em pastor, após a comunidade de uma humilde igreja da periferia acreditar que ele realizou um milagre. Quando sua esposa entra em estado vegetativo, o professor decide colocar um fim no sofrimento da amada, mas, milagrosamente, Maria Clara (Ana Flávia Cavalcanti) acorda.


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Praticante do Candomblé, a atriz desabafou sobre as intolerâncias em nosso país. “Eu pratico uma religião totalmente repudiada, que tem origem africana, mas que já recebeu muita influência brasileira. Eu sou uma pessoa que consegue perceber a intolerância religiosa, o preconceito, independente se é ou não sobre a minha religião”, afirma.

Para Ana Flávia, os evangélicos também sofrem um preconceito enorme no Brasil.  “É uma religião originária das partes mais baixas e é mal vista por parte dos intelectuais. Eu acho que a gente julga o evangélico por conta de um pastor. É delicado generalizar. Eu tenho muitas críticas ao cristianismo em si, mas eu acredito muito na capacidade individual da pessoa saber o que é melhor para ela”, diz.

“Você sabe o que é melhor para sua vida agora. Porque uma mulher que vive na periferia de Diadema, na Assembléia de Deus, não sabe? Para ela, a melhor coisa do mundo é ir à Assembléia. Então, a gente vai ter que dialogar em outro lugar. Tem uma intolerância e eu acho que são camadas de entendimento e momentos de vida. A gente vai aprendendo muito com o tempo”, expressa a atriz.

Para a artista, entretanto, ainda há outras coisas além do diálogo. “Eu acho que a gente precisa ver também. As igrejas evangélicas têm feito um trabalho nas periferias do Brasil que é muito poderoso. Tem um motivo? Tem, que é trazer mais gente para dentro do povo de Deus. Mas eles estão cuidando de uma população que o estado não cuida”.

A atriz ainda revela um desejo para o assunto. “Eu sou muito progressista e gostaria que a gente pudesse viver em um estado laico, mas não é o que está acontecendo. Eu sinto que a população evangélica sofre, sim, uma discriminação muito grande”, opina.

A artista também falou sobre a imitação de um pastor por Gregorio Duvivier no Greg News. “Ele não faria piada com um pai de santo, um preto velho, porque não pode. Rir ou criar um contexto de piada é delicado porque fragiliza a outra pessoa. Eu acredito muito no respeito à individualidade e eu luto por isso, para poder exercer a minha expansão ao máximo e todo mundo expandir a sua”, conta.

Sobre Santo Amado, Ana Flávia acredita que a trama será de suma importância. “É uma série que vai fazer a gente pensar e vai abrir discussões. É muito importante falar disso. Os evangélicos só crescem no Brasil e eu acho que a gente não pode ficar de preconceito ou generalizar. São muitas vertentes, vamos olhar para essas pessoas e tentar um diálogo”, explicita.

“Não precisa aceitar, mas tem que respeitar. Eu tenho respeitado e lutado por tantas existências. Eu não gosto quando qualquer religião vira chacota. Eu quero que todo mundo tenha o direito de existir com respeito e eu quero respeito também para mim, para o meu povo”, pontua Ana Flávia Cavalcanti.

“É só através do diálogo, se a gente ficar rompendo e cada um para o seu lado, não vai rolar”, explica. Por fim, a atriz revela que até pensa em entrar para a política. “A gente precisa ter representatividade. Não tem uma bancada candomblecista, tem muitas outras, mas cadê a nossa bancada, a da igreja”, finaliza.

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