Setor da PF que investiga autoridades está esvaziado

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Um dos setores mais importantes e sensíveis da Polícia Federal, por investigar autoridades com foro privilegiado nos tribunais superiores, está esvaziado e sem prestígio para atrair bons investigadores.

Com a recente saída do delegado Bruno Calandrini, responsável pela operação que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suspeita de corrupção envolvendo os pastores lobistas que atuavam dentro do MEC, a Coordenação de Inquéritos Especiais ficou com apenas quatro delegados, além do coordenador do setor, Leopoldo Lacerda.

Recentemente, a vaga foi preenchida, mas foi preciso “importar” um policial que estava no sul do país e que tem apenas três anos de experiência.

O número de delegados do CINQ, como é conhecido o setor, é o mais baixo dos últimos anos e representa metade do efetivo que havia no início do governo de Jair Bolsonaro.

Quando a PF era comandada pelo delegado Maurício Valeixo, a coordenação contava com oito delegados. No auge da Operação Lava Jato, em 2016, chegou a ter onze.

O setor é o responsável por investigar integrantes do Congresso, ministros do governo, do Supremo Tribunal Federal e o presidente da República.

Depois que o STF decidiu restringir o foro privilegiado em 2018, para crimes ocorridos no exercício do mandato, o número de delegados do setor começou a ser reduzido.

Mesmo assim, investigadores que já trabalharam no setor dizem que o número atual de delegados está aquém do necessário. Além disso, o CINQ perdeu prestígio no atual governo e tem repelido bons profissionais diante dos sucessivos episódios de interferência política na PF.

O próprio delegado Bruno Calandrini já havia pedido para ser transferido porque estava insatisfeito. O pedido foi apresentado antes da operação envolvendo o escândalo do MEC, que resultou em mais uma suspeita de interferência do governo Bolsonaro na corporação, com o suposto vazamento da investigação sobre o ex-ministro para o presidente da República.

Diante da escassez de quadros, a PF decidiu recentemente concentrar no CINQ apenas os inquéritos que tramitam no STF e enviar as investigações que estão no Superior Tribunal de Justiça para as superintendências regionais, para desafogar o setor.

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