Espera angustiante: fila para tomografia chega a 12 mil no DF

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A fila de espera para tomografia computadorizada saltou de 7.670 pessoas para 12.302 no Distrito Federal ao longo dos últimos 12 meses. O alerta é da Defensoria Pública (DPDF).

Dona Eli Alves, de 72 anos, moradora de Águas Lindas (GO), enfrenta a aflição. Diagnosticada com câncer no pulmão direito em 2019, ela precisa do exame a fim de avaliar o tratamento e definir os próximos passos na luta contra da doença.

Em 2019, dona Eli iniciou um procedimento para a retirada do tumor, mas sofreu uma parada cardíaca na mesa de cirurgia. Depois o tratamento ficou paralisado entre 2020 e 2021, por conta da pandemia de Covid-19.

O câncer avançou. Ela passou a depender de um balão de oxigênio para respirar e de uma cadeira de rodas para se locomover. Em março de 2022, retomou o tratamento. Fez 30 sessões de radioterapia. “Saí bem melhor, graças a Deus. Foi muita felicidade, muita alegria”, sorriu.

Dona Eli recuperou a qualidade de vida para aproveitar os momentos com os filhos e netos. Passou a usar menos a bomba de oxigênio, mas o tratamento não acabou. Em abril deste ano, o médico recomendou exames de tomografia computadorizada com contraste e espirometria de risco cirúrgico. “Dizem que o tumor não é maligno, é benigno. Mas se não tratar, vai piorar”, desabafou.

Para Helder Santos, 37, filho de dona Eli, produtor de conteúdo para internet atualmente desempregado, a lentidão é absurda. “Estamos aguardando. A pessoa está com o tumor no pulmão. Minha mãe é idosa, cardíaca, diabética e não tem como ficar se locomovendo o tempo todo”, desabafou.

Aumento

Segundo a Defensoria, no caso de pacientes de alta urgência, com classificação vermelha, a fila pulou de seis pessoas para 53 no caso de exames sem contraste e sem sedação. Procedimentos com contraste e sem sedação, o aumento passou de três para 112 pacientes. Ou seja, houve um crescimento de quase 40 vezes.

A fila para os casos de classificação amarela teve incremento de 7.398 pessoas para 11.950. Pelas contas da DPDF, o tempo médio de espera é de sete meses. O exame de tomografia computadorizada com contraste é uma ferramenta importante para diagnóstico e tratamento de diversas doenças, a exemplo do câncer.

De acordo o defensor público Ramiro Sant’Ana, a rede pública praticamente não está realizando os exames com contraste. O Hospital da Criança de Brasília oferece apenas 162 vagas mensais para este procedimento. No caso dos exames sem contraste, a oferta mensal de vagas encolheu de 5.790 para 5.118, nos últimos 12 meses.

Embate judicial

A Defensoria tentou obrigar a Secretaria de Saúde a resolver o problema, mas a ação inicial foi indeferida pelo juiz Matheus Stamillo Santarelli Zuliani. “No caso em tela, não se trata de inércia ou desídia do Estado, tampouco de descumprimento de sua obrigação de fornecimento de saúde, mas complicações advindas por diversas questões, inclusive, pandemia que aflige o mundo”, argumentou o magistrado.

A Defensoria recorreu com uma nova apelação. “Estamos com 12 mil pessoas na fila. Dá para encher o Ginásio Nilson Nelson. E a fila só cresce”, alertou Sant’Ana.

O que diz a Secretaria de Saúde

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou trabalhar para aumentar a oferta de exames de tomografia. Segundo a pasta, o problema está sendo abordado em três frentes.

“1. Aquisição de novos equipamentos. Processo está em andamento, seguindo todos os ritos da lei de licitações;
2. No ano de 2019, foram adquiridas 03 novos aparelhos;
3. Há em andamento processo para a aquisição de mais 06 equipamentos.

Quanto à falta de contraste, a escassez é global e grande preocupação, conforme nota do Ministério da Saúde. Por esse motivo, seguindo as orientações do órgão federal, a SES vem fazendo priorização dos casos, em especial, os mais urgentes. A situação mundial vem sendo normalizada e esperamos que em breve o estoque no Brasil se normalize também”, justificou a pasta.

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