Na recente edição da Bienal do Livro de São Paulo, el escritore (o Metrópoles respeitará o uso da linguagem neutra) não-binare Xiran Jay Zhao foi recebide por uma público de fãs bastante empolgado. “Ganhei uma par de asas de crochê”, revelou em entrevista exclusiva. O motivo é o livro Viúva de Ferro, um dos best-sellers do momento e que tem conquistados leitores do mundo todo – e forte candidato a ganhar uma adaptação audiovisual em breve.
Viúva de Ferro se passa em Huaxia – uma China distópica, na qual mulheres têm sua energia vital (Qi) drenada para que homens pilotem robôs gigantes na luta pela sobrevivência da humanidade. Misturando comportamentos milenares com problemas sociais atuais, o livro chegou a lista dos mais vendidos .
“A trama, com certeza, se tornou mais universal do que eu poderia imaginar”, confessa Xiran. A protagonista é Wu Zetian, uma jovem que decide se rebelar contra o sistema patriarcal. Mesmo com a forte adesão de leitores, a crítica ao machismo de escritores não escapou a críticas.
“Eu me impressionei bastante que as coisas negativas ditas sobre a personagem fossem as meas que eram ditas sobre a Imperatiz Wu, que inspirou a Wu Zetian de A Víuva de Ferro”, ponderou Xiran.
Confira a entrevista de Xiran Jay Zhao:
1. Viúva de Ferro é um livro interessante e as pessoas no Brasil estão gostando da história. Você acredita que seja uma trama universal? As mulheres do mundo todo se sentem conectadas com Wu Zetian?
Xiran: A trama, com certeza, se tornou mais universal do que eu poderia imaginar. Enquanto muitas mulheres me falaram que se sentiram representadas pela raiva da Zetian, algumas nao gostaram. Devem ter outras que a odeiam. Eu me impressionei bastante que as coisas negativas ditas sobre a personagem fossem as meas que eram ditas sobre a Imperatiz Wu, que inspirou a Wu Zetian de A Víuva de Ferro”
2. Você tem um personagem favorito? Quanto de você está em Li Shimin, Gao Yizhi e Wu Zetian?
Zetian foi minha favorita com certeza. Seu status de uma versão reimaginada da Imperatriz Wu demandou tanto esforço que basicamente a trama se desenrola ao redor dela. Todas as vezes em que ela ficava muito passiva, eu tinha o sentimento de que ela estava saindo do personagem e, então, precisava dar a ela um algo a mais, para que continuasse atrativa. Como todos os personagens foram inspirados em figuras históricas, eu não coloquei muito de minhe personalidade, mas a ideia da Zetian de questionar a autoridade está ligada às minhas experiências.
3. Como a história chinesa inspirou a Viúva de Ferro?
A história começou com meu desejo de fazer uma trama feminista sobre mechas usando um sistema de pilotagem duplo como alegoria para falar de misogenia e heteronormatividade. Quando a ideia de pilotas mulheres serem concubinas veio à minha cabeça, eu sabia que a base da protagonista seria a Imperatriz Wu. Não tem outra concubina na história chinesa com a história dela, tomando controle do império e quebrando barreiras.Foi muito divertido reimaginá-la como uma adolescente.
4. Viúva Negra é sobre o futuro ou o passado?
Viúva Negra é uma ficção-científica futurista que se inspira na história chinesa como Guerra nas Estrelas e Jogos Vorazes se inspiram no Império Romano. Nesse sentido, [a trama] prevê um futuro ruim baseado no nosso passado. Nunca estamos livres de uma regressão dos valores sociais.
5. Você esteve no Brasil e foi recebida por diversos fãs. Como você se sentiu ao saber que tem fãs por aqui?
Foi incrível! Eu tive uma jornada difícil até ser publicada, várias vezes, tinha que implorar para as pessoas me lerem. Agora, pessoas de diferentes países estão consumindo meus livros. No Brasil, além de lerem meus livros, estão produzindo fanarts e fanfics. Eu ganhei um par de asas de crochê. Isso foi sensacional.
6. Você entende que as melhores tramas de ficção-científicas têm vindo de livros para jovens adultos?
Acredito que a ficção-científica par ajovens adultos tende a ser mais acessível por conta de seu desenvolvimento mais acelerado. De fato, tem muita coisa boa. Mas há vários coisas inovadoras para adultos, como The First Sister, de Linden A. Lewis.
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