Apesar de estar preso na época, o petista Luiz Inácio Lula da Silva liderava as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República em agosto de 2018, quando a campanha começou oficialmente. Na ocasião, porém, ainda não haviam ocorrido dois fatos que ajudaram a definir o pleito: a troca de Lula por Fernando Haddad (PT) na cabeça de chapa, forçada pela Lei da Ficha Limpa, e a tentativa de assassinato ao candidato que aparecia em segundo lugar, o atual presidente Jair Bolsonaro (na época no PSL, hoje no PL). Esses eventos só aconteceriam em setembro daquele ano.
Lula tinha, neste ponto da campanha anterior, maior vantagem percentual sobre Bolsonaro do que hoje, mas ambos apareciam com intenções de voto bem menores. Além disso, havia mais espaço para a chamada terceira via – que encolheu nestas eleições.
Em pesquisa do instituto Ibope divulgada em 20 de agosto de 2018, Lula aparecia com 37% e Bolsonaro marcava 18%. Os dois, portanto, abocanhavam 55% da preferência do eleitorado. A soma dos demais que pontuavam (Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Eymael, Guilherme Boulos e Henrique Meirelles) era de 23%. Levantamento do Datafolha divulgado dois dias depois trazia números parecidos: Lula tinha 39% e Bolsonaro, 19%. Juntos, somavam 58%. Os demais totalizavam 28%.
Na época, o PT havia pedido o registro da candidatura de Lula, mas já corria forte a especulação sobre a troca por Haddad. Com isso, o nome do petista era testado em cenários. Na pesquisa Ibope de 20 de agosto daquele ano, no cenário sem Lula, Bolsonaro era quem liderava a corrida, com 20%, seguido por Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%. Haddad só tinha 4%, mas conseguiu crescer nas semanas seguintes, com seu nome sendo ligado ao de Lula, mas não a ponto de ultrapassar o atual presidente nas pesquisas.
Cenário de 2022
No começo oficial da campanha deste ano, Lula e Bolsonaro abocanham uma fatia bem maior das intenções de voto, segundo as pesquisas divulgadas neste início de semana. Levantamento do BTG Pactual feito pelo Instituto FSB e divulgado na segunda-feira (15/8) apontou o ex-presidente Lula com 45% das intenções de voto e o presidente Bolsonaro com 34%. Juntos, portanto, os líderes alcançam 79%, contra apenas 10% dos outros que pontuaram: Ciro Gomes (PDT), que marcou 8%, e Simone Tebet (MDB), que ficou com 2%.
Já a pesquisa do Ipec, instituto fundado por ex-executivos do Ibope, também divulgada na segunda, mostrou Lula com 44% e Bolsonaro com 32%. Somados, os dois ficam com 76%. Eles são seguidos por Ciro, com 6% das intenções; por Tebet, com 2%, e por Vera (PSTU), com 1%. Juntos, portanto, os demais somaram 9%.
Na última pesquisa Datafolha feita este ano, divulgada em 28 de julho, Lula tinha 47% das intenções de voto. Bolsonaro marcou 29%.
0
Sem espaço para a terceira via
A inédita disputa entre um presidente e um ex-presidente tornou muito difícil a existência de candidaturas alternativas ao Palácio do Planalto, avalia o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
“Se a eleição passada já esteve polarizada, a atual está muito mais. A chamada terceira via ainda conseguiu se atrapalhar ao sofrer e demorar para chegar a um nome”, avalia ele.
O especialista acredita ainda, analisando as pesquisas, que Lula é favorito este ano, mas que sua eleição não está garantida, sobretudo em primeiro turno. “Sempre achei difícil não ter segundo turno. A força da máquina pública não pode jamais ser desconsiderada e o peso dos aspectos econômicos percebidos pela população no dia da eleição têm peso grande. Isso explica porque as chances de Bolsonaro ser reeleito não podem ser descartadas”, analisa ele.
Próximas pesquisas
Com o início oficial da campanha, a frequência das pesquisas será cada vez mais intensa. Além das duas que já saíram na segunda-feira, estão marcadas para esta semana levantamentos para presidente da Genial/Quaest, na quarta (17/8), e do Datafolha na quinta (18/8).
Presidente, governador e senador: veja quem são os candidatos nas Eleições 2022
O post Pesquisas: Bolsonaro inicia campanha mais perto de Lula do que em 2018 apareceu primeiro em Metrópoles.