“Achei que tinham errado”, diz jovem diagnosticada com câncer aos 23

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A fisioterapeuta Evelin Scarelli tinha 23 anos quando descobriu ter um câncer de mama, em 2011. O diagnóstico da doença, com maior incidência entre mulheres com mais de 50 anos de idade, parecia totalmente incompatível com a vida dela naquele momento. Evelin estava no último ano da faculdade, cheia de planos para iniciar a vida profissional.

“Achava que não era comigo, que tinham trocado os exames. Acreditava que não era possível receber aquele diagnóstico”, lembra a moradora de São Paulo, que hoje atua como coordenadora de voluntariado do Instituto Oncoguia, organização da sociedade civil que auxilia pacientes com a doença.

Evelin foi a primeira pessoa da família a descobrir uma mutação no gene BRCA2. A condição é rara, mas aumenta significativamente o risco de câncer de mama antes dos 70 anos. Apenas uma em cada 400 mulheres (0,25% da população) têm os genes BRCA1 ou BRCA2 mutados e menos de 10% dos casos de câncer de mama são causados por essas duas mutações.

A pesquisa “Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?”, divulgada na última quinta-feira (29/9) mostra que as brasileiras ainda têm pouca informação sobre a possibilidade de casos de câncer de mama na juventude. O levantamento foi realizado pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da Pfizer e ouviu 1.397 mulheres com 20 anos ou mais no Distrito Federal e outros cinco estados (São Paulo, Belém, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro.

Um terço das entrevistadas disse acreditar que mulheres abaixo de 40 anos não precisam se preocupar com câncer de mama ou que os exames de rastreamento devem ser iniciados apenas na menopausa. A oncologista Débora Gagliato esclarece que não necessariamente o câncer de mama está ligado ao envelhecimento, ele pode aparecer bem mais cedo.

“Em geral, a incidência de tumores femininos vem aumentando, principalmente entre mulheres mais jovens. Isso é fruto do estilo de vida, com excesso de bebida alcoólica, sedentarismo, uso prolongado de terapias hormonais e até mesmo a decisão de adiar a maternidade”, afirma.

Mutações

A médica acrescenta que pacientes com histórico familiar de mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 ou que tiveram essas mutações identificadas devem começar a rotina de exames como mamografia e ressonância magnética antes dos 40 anos de idade.

“Mulheres jovens com histórico de câncer de ovário na família ou com o subtipo de câncer de mama triplo negativo são obrigadas a ter um índice de suspeita maior “, explica a médica. “Caso sejam o primeiro caso da família (caso índice) devem servir de alerta para que uma investigação genética da família inteira seja iniciada”, explica a médica.

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Coragem

O diagnóstico de Evelin resultou em seis anos de tratamento, incluindo mastectomia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Ela optou também por retirar a mama colateral para reduzir o risco de desenvolver outro câncer no futuro.

“Saber da mutação foi muito difícil. O meu mastologista disse: ‘Evelin, não posso prometer que o câncer não vai voltar. O que posso te pedir é para você nunca me abandone porque, se o câncer voltar, vamos achar ele bem pequeninho’. Depois de tudo isso, me sinto mais forte”, afirma.

Onze anos depois do diagnóstico, Evelin é mãe de Bento, de 1 ano e 4 meses e se dedica a ajudar mulheres que estão passando pelo que ela viveu. “A gente não pode romantizar o câncer e enxergar como um presente divino, foi difícil. Ele levou as minhas mamas, perdi os cabelos, tive medo de morrer, mas o processo que vivi me deixou com um olhar mais sensível para as coisas que realmente importam”, aponta.

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* A repórter Bethânia Nunes esteve em São Paulo, a convite da Pfizer, para acompanhar a apresentação da pesquisa “Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?”.

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