Foram sete meses no ar, recordes de audiência e muito burburinho nas redes sociais. Exibida 32 anos após a versão original, o remake de Pantanal, que exibe seu último capítulo nesta sexta-feira (7/10), marcou a volta do formato tradicional de gravação e exibição de novelas e se transformou em um grande sucesso, como há muito o gênero não via.
Embora fiel ao texto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi, neto do autor, conseguiu fazer com que a trama permanecesse interessante para um público composto – em grande parte – por pessoas que sequer eram nascidas em 1990, quando Cristiana Oliveira encarnou o papel da menina-onça Juma, hoje interpretado por Alanis Guillen.
Na web, muitas pessoas que acompanharam as duas versões elogiaram o trabalho de Luperi. O perfil Pancanal90s, no Twitter, conhecido por exibir diariamente vídeos da primeira e segunda versão, por exemplo, chamou atenção para a adaptação da história de Zaquiel, vivido por Silvero Pereira.
Em 1990, o personagem de João Alberto Pinheiro era caricato, estigmatizava o público gay, e nunca chegou a ser de fato respeitado pelos demais peões. Já no remake, Silvero teve espaço para mostrar as camadas desse personagem e trazer reflexões reais acerca da homofobia. “A história do Zaquiel foi muito bem ajustada para 2022, os erros de 1990 corrigidos e a escolha do Silvero foi certeira”, opinou o perfil.
O Zaquiel de 1990 era caricato, sempre vítima de piadas e acabou como o “frozô que matou o bandido”, ele nunca foi respeitado na trama, já no remake ele teve muitas situações de afirmação, a trama reservou um tempo para falar sobre ele sem fazer piadas, ficou ótimo!
— Pancanal90s (@pancanal90s) October 6, 2022
Reprodução
Reprodução/TV Globo
Reprodução/TV Globo
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Para o pesquisador e crítico de TV Nilson Xavier, autor do Almanaque da Telenovela Brasileira, os acertos da nova versão de Pantanal começam pelo roteiro original. Bruno Luperi tinha uma ótima história em mãos e cumpriu bem o desafio de adaptá-la. “Arrisco dizer que é a melhor história do Benedito”, afirmou em entrevista recente ao Metrópoles.
“Pantanal mexe com a fantasia, com um Brasil mítico, algo que andava afastado da TV brasileira. Também tem o fato da trama se passar no interior do Brasil e mexer com as memórias afetivas do público, depois de um momento muito duro para os brasileiros”, disse o especialista, referindo-se a pandemia de Covid, quando a programação foi invadida por reprises.
O texto original é de 1990, quando a televisão tinha uma outra cara, pensava de outro modo. Mas não só no quesito diversidade de raça e gênero que Bruno Luperi fez uma boa atualização. É preciso salientar que Pantanal foi exibida em uma época na qual a TV a cabo ainda não era popularizada, não havia canais sobre viagens, natureza, etc. Hoje as paisagens não são novidade. Bruno foi esperto em não resumir sua obra à locação, pondera.
Nilson Xavier
“Narrativa arrastada predominou”
Os elogios à adaptação de Bruno Luperi não são unânimes. Para Sérgio Santos, o Zamenza, colunista do TV História, e fundador do blog De Olho nos Detalhes, o jovem autor foi bastante fiel ao roteiro do avô e as alterações foram “mínimas”.
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