O mundo paralelo de Janones na transição

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Um dos principais agitadores pró-Lula nas redes sociais durante a campanha, o deputado federal André Janones, do Avante de Minas Gerais, levou suas técnicas de engajamento para o gabinete de transição do futuro governo.

Escalado para compor a equipe técnica de comunicação social, o parlamentar segue usando seus métodos – típicos do bolsonarismo, aliás – para animar a militância e provocar os rivais.

Na última segunda-feira, ele escreveu em sua conta no Twitter que documentos apresentados pela Secretaria de Comunicação da Presidência, a Secom, confirmam que o atual governo está financiando sites e blogs ligados ao chamado Gabinete do Ódio, como ficou conhecido o grupo bolsonarista versado em espalhar notícias falsas e acusações infundadas na internet.

Como resposta, a Secom anunciou que não mais participará presencialmente de reuniões com os representantes da equipe de transição, e que agora só responderá a eventuais questionamentos por escrito.

No grupo de trabalho da transição, o papel de Janones tem suscitado opiniões diferentes. Um integrante, ouvido reservadamente, diz que o deputado, que costuma participar das reuniões por videoconferência, passa ao largo dos debates mais técnicos. Ele vive no mundo paralelo das redes.

“Estamos discutindo a separação da comunicação pública e estatal, o papel da EBC (a Empresa Brasil de Comunicação), se a Secom deve permanecer no Ministério das Comunicações, e ele não opina sobre nada disso. Sinceramente, acho que não entende nada. Ele opina mais quando se trata de redes sociais”, disse à coluna o integrante da equipe.

Candidato a cargo no novo governo?

Pelo papel que teve durante a disputa presidencial, Janones chegou a ter seu nome ventilado como uma opção para chefiar a Secom. Essa, porém, parece uma possibilidade remota atualmente. “Não vejo nele a intenção de ocupar cargo no governo. Vejo mais a intenção de ficar no Parlamento, de postar no Twitter”, afirma o mesmo colega do deputado na transição.

Outro integrante do grupo defende o papel de Janones. “Acho que o Janones cumpre o papel dele, que é adotar uma linguagem própria das redes sociais, um lugar de fala próprio das redes”, diz, também sob reserva.

“O grupo não é para ser homogêneo. É para ser integrado pela diversidade de pessoas. Ele (Janones) representa a diversidade, é um deputado integrado às redes. O grupo tem pessoas de várias origens. Tem gente mais acadêmica, mais do jornalismo, uma ex-ministra, uma ex-presidente da EBC. Tem pessoas de perfil mais técnico e pessoas de perfil político, e o Janones é uma delas, assim como a Manuela (d’Ávila)”, emenda.

Procurado pela coluna, Janones não se manifestou.

O convite para o deputado integrar a transição foi um sinal de agradecimento de Lula ao papel desempenhado por ele na campanha. Desde o primeiro momento, porém, já que sabia ele não tinha expertise para contribuir além dos assuntos relacionados ao universo da internet.

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