“Dólar soja” entra em vigor na Argentina; saiba como vai funcionar

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Entrou em vigor na Argentina, na segunda-feira (28/11), um câmbio preferencial para as exportações de soja que permanecerá em vigor até o dia 31 de dezembro deste ano.

O novo “dólar soja”, como vem sendo chamado, terá cotação de 230 pesos – um pouco acima do valor praticado em setembro, de 200 pesos por dólar.

O sistema estabelece uma taxa especial para os registros de exportação de soja. O objetivo, segundo o governo argentino, é acelerar os embarques de sua principal safra e trazer receitas em dólar ao país.

Com a medida, o governo argentino espera alcançar um piso de pelo menos US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,1 bilhões) em exportações de empresas de grão.

“Enxergamos essa nova condição como uma melhora que, ainda que temporária, terá impacto no preço da soja no mercado interno”, afirmou o presidente da Câmara da Indústria do Petróleo e do Centro dos Exportadores de Grãos (Ciara-CEC), Gustavo Idígoras, em entrevista coletiva.

“A decisão de vender a soja está sempre nas mãos do produtor. Será ele quem decidirá quando vender, entendendo que desta vez o câmbio só vai durar até o fim de dezembro.”

Os interessados em aderir ao programa do “dólar soja” devem registrar uma Declaração Juramentada de Venda no Exterior (DJVE) e liquidar a moeda estrangeira em tempo hábil, até o dia 30 de dezembro, segundo o Ministério da Economia.

O decreto do “dólar soja” (787/2022) foi assinado pelo presidente Alberto Fernández e está publicado no Diário Oficial da Argentina. Clique aqui para acessar a íntegra do texto.

De acordo com o Ministério da Economia argentino, no período entre 5 e 30 de setembro, quando foi implantado de forma pontual, o “dólar soja” estimulou a entrada de cerca de US$ 8 bilhões  (R$ 43 bilhões) no país. Desse montante, US$ 5 bilhões permaneceram como reservas do Banco Central, segundo informações da Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

No mesmo período, a Argentina exportou 14 milhões de toneladas de soja e derivados.

Exportador mundial

A Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de soja e farelo de soja. A inflação altíssima dos últimos meses, no entanto, fez com que muitos agricultores mantivessem suas safras como uma proteção contra a desvalorização do peso.

O Banco Central argentino vem tentando reforçar suas reservas em moeda internacional. Elas caíram muito nos últimos meses, em meio à incerteza em relação ao peso, à inflação alta e a dificuldades financeiras do país.

Vendas abaixo da média

Segundo dados do Ministério da Agricultura da Argentina, até a primeira semana de novembro os agricultores do país haviam vendido 71,7% da soja da safra 2021/2022, cuja produção foi de 44 milhões de toneladas.

O percentual é inferior ao patamar registrado no mesmo período do ano passado (73,1%).

Entre os dias 27 de outubro e 2 de novembro, os produtores argentinos comercializaram 247,9 mil toneladas de soja. No mesmo período da safra anterior, foram vendidos 496,6 mil toneladas.

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