Em que pesem manifestações nas portas de quartéis, Jair Bolsonaro reconhece que Lula assumirá a Presidência em 1º de janeiro. A coluna conversou com integrantes do núcleo duro do presidente, que já discutem estratégias para retomar o poder.
Entre o planejamento traçado até o momento está a fidelização de senadores eleitos este ano e que deverão concorrer aos governos estaduais em 2026. Eles fariam palanque para Bolsonaro e receberiam declarações de apoio do presidente ao longo dos próximos anos.
A avaliação é que ao menos um terço dos senadores tentará um cargo de governador, sobretudo os bolsonaristas recém-eleitos para o mandato de oito anos. Esses políticos estariam em posição confortável para disputar o comando dos estados uma vez que, se perderem, retomariam suas cadeiras no Congresso.
Outra frente consiste em usar as eleições municipais para reforçar o bolsonarismo em capitais estratégias, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Essa tática foi usada pelo PT em 2020 quando, mesmo com chances remotas, o partido optou por lançar candidaturas próprias nessas cidades. O PT não venceu em nenhum dos municípios, mas reforçou a mensagem em defesa de Lula.
Um terceiro ponto, ainda alinhado pelo núcleo de Bolsonaro, é fazer com que o presidente se mantenha em evidência ao longo dos próximos quatro anos, haja vista que outros nomes da direita poderão ganhar força, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema. Como o Congresso terá composição majoritariamente conservadora, a avaliação é que o governo Lula não terá vida fácil e dará muitas oportunidades para os holofotes da oposição.
Medo de decepcionar eleitores
Paralelamente às conversas sobre a retomada de poder, o núcleo de Bolsonaro, agora, discute uma forma de comunicar aos apoiadores que clamam por golpe militar que não haverá ruptura institucional. Como desmobilizar bolsonaristas acampados há semanas sem decepcioná-los?
O temor é desagradar justamente à fatia mais fiel do eleitorado, que acredita que o presidente ainda tem uma carta na manga para evitar a posse de Lula. Esses apoiadores são vistos como o pilar da candidatura de Bolsonaro em 2026.
Bolsonaro até tentou questionar as urnas eletrônicas por meio da ação ingressada por Valdemar da Costa Neto, do PL, no Tribunal Superior Eleitoral, como forma de prestar contas ao eleitorado mais radical.
Um integrante do núcleo duro de Bolsonaro afirma que, apesar de “restar uma pulga atrás da orelha” após Alexandre de Moraes rejeitar a ação do PL, o foco precisa estar em 2026. Segundo esse aliado, todas as medidas legais cabíveis foram tomadas e não há mais nada que possa ser feito.
Até o momento, a maior contribuição para desmobilizar bolsonaristas em portas de quartéis parece ter vindo de Eduardo Bolsonaro, flagrado sorridente no Catar, sede da Copa do Mundo, em um jogo do Brasil.
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Desde eleito, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem travado grandes embates com a Justiça Eleitoral. Ele é, juntamente com aliados, uma das principais vozes no questionamento do processo brasileiro Felipe Menezes/Metrópoles
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A troca de farpas preocupa. Em tentativa de minimizar os conflitos, o ministro Luiz Fux, inclusive, tentou realizar reunião entre os três Poderes. Contudo, logo voltou atrás e cancelou o encontro declarando que o presidente da República insiste em atacar integrantes do STF e colocar sob suspeição o processo eleitoral brasileiro Igo Estrela/Metrópoles
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A declaração de Fux foi feita após Bolsonaro voltar a ameaçar a realização das eleições de 2022 Rafaela Felicciano/Metrópoles
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“É uma resposta de um imbecil. Lamento falar isso para uma autoridade do STF. O que está em jogo é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude”, disse o presidente Reprodução
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“Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos o risco de não termos eleições no ano que vem”, declarou Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Durante as lives semanais, o assunto é recorrente. Bolsonaro prometeu que apresentaria, em uma delas, prova de fraudes eleitorais que supostamente ocorreram em 2014. No entanto, acabou alegando que “não tem como comprovar que as eleições foram fraudadas” e, mesmo assim, prosseguiu atacando o sistema eleitoral Reprodução/Youtube
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Em resposta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, por unanimidade, portaria da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral para a instauração de um inquérito administrativo contra Bolsonaro. Além disso, pediram ainda que o incluíssem em outro inquérito, o das fake news Igo Estrela/Metrópoles
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Bolsonaro, por sua vez, criticou o inquérito e ameaçou o STF. “O meu jogo é dentro das quatro linhas, mas se sair das quatro linhas, sou obrigado a sair das quatro linhas. O Moraes, ele investiga, ele pune e ele prende. Se eu perder as eleições vou recorrer ao próprio TSE? Não tem cabimento”, afirmou em entrevista ao canal da Jovem Pan Igo Estrela/Metrópoles
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Após a declaração de Bolsonaro, Alexandre de Moraes postou no twitter que “ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o STF de exercer sua missão constitucional de defesa e manutenção da democracia e do Estado de direito” Daniel Ferreira/Metrópoles
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Logo em seguida, Bolsonaro divulgou documentos nas redes sociais apontando uma suposta invasão hacker a sistemas e bancos de dados do TSE. O documento, no entanto, ainda estava sendo investigado pela Polícia Federal Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Como consequência da ação, o TSE enviou ao STF uma notícia-crime contra o presidente Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
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Recentemente, o conflito entre Jair e o TSE ganhou novos capítulos. Isso porque Bolsonaro passou a estimular um clima de disputa entre o TSE e as Forças Armadas Cleber Caetano/Presidência da República
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Durante lives semanais, o chefe do Executivo federal acusou o TSE de “carimbar como confidenciais” sugestões dos militares para aprimorar a segurança das urnas eletrônicas e voltou a colocar em dúvida a segurança do sistema de contagem dos votos Igo Estrela/Metrópoles
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