Neste ano, muitas obras que eram bastante aguardadas foram lançadas para a alegria dos cinéfilos. Alguns desses filmes já estão na lista de candidatos ao Oscar 2023 como Avatar: O Caminho da Água, Batman, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, Top Gun: Maverick, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e Não! Não Olhe. Neste clima, o Metrópoles resolveu fazer uma lista dos Melhores Filmes do Ano conforme a opinião de especialistas no assunto.
O destaque foi para o filme nacional Marte Um, eleito como Melhor Filme do Ano por três críticas de cinema. Confira outras produções que, na visão de outros especialistas no ramo, têm características dignas de ser premiado.
Marte Um
Para a documentarista e jornalista especializada em cinema Flávia Guerra, eleger o Melhor Filme do Ano é sempre um desafio, pois ele “se completa na imaginação de quem o vê”. Mas analisando a qualidade técnica e considerando “o olhar de uma brasileira que quer ver o Brasil nas telas” Marte Um foi seu preferido.
“Marte Um é destes filmes em que a vida cotidiana acontece, com todos seus dias comuns e também seu surrealismo, em um país em que muitas vezes normalizamos os absurdos, o racismo, a violência, a intolerância. A direção de Martins nos coloca dentro da casa desta família, no coração do Brasil que teima, apesar de tudo, em sonhar”, explicou Guerra.
Carol Lucena é cineasta, musicista e faz de tudo um pouco no cinema, diante disso, possui experiência para avaliar e dizer que a produção de Gabriel Martins obteve êxito em sua proposta. Segundo ela, o realizador conseguiu um retratar perfeitamente o momento marcante em que se iniciou uma polarização política no país: “Além de ser muito competente técnica e esteticamente, o filme engloba os dramas e as alegrias de uma família brasileira no final do ano de 2018, fazendo um potente retrato do Brasil e funcionando também como uma espécie de presságio sobre os difíceis anos que viriam a seguir”.
A jornalista de cultura e crítica de cinema Cecilia Barroso teve uma certa dificuldade em escolher entre o filme Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Marte Um. No fim, o longa mineiro ganhou a disputa por retratar uma situação próxima à realidade de muitos brasileiros: “Ali está uma família que enfrenta questões que são muito específicas, mas outras que são de todos nós. O modo como aborda o afastamento e a ruptura dos últimos tempos e laços que são tão difíceis de se romper é muito potente”.
Marte Um foi exibido nos cinemas e, recentemente, saiu de cartaz.
Sob os Holofotes
Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Brasília (UCB), Felipe Moraes é repórter de cultura e crítico de cinema. Segundo ele, o filme Sob os Holofotes, disponível na HBO Max, foi um dos melhores lançados neste ano, pois trata-se de uma das provocações mais estranhas e perturbadoras de Bruno Dumont, diretor francês dos ótimos Fora de Satã (2011) e Jeannette: A Infância de Joana D’Arc.
“A personagem-título serve como avatar perfeito para o clima tenso que vem tomando a França nos últimos anos. E absolutamente tudo é filtrado pelo olhar e pelas reações dessa jornalista-celebridade: da cobertura de guerra contra jihadistas a uma reportagem sobre refugiados, passando por uma história de abuso sexual. Sob os Holofotes, o filme, é uma sátira brilhante sobre a impossibilidade de o jornalismo produzir imagens puras – sejam elas encenadas ou reais”, justificou.
O filme que conta com a participação de Léa Seydoux mostra a jornalista de televisão France, uma mulher egocêntrica e obcecada pela fama, cujo narcisismo é influenciado por seu assistente, Lou, viciado pelo Twitter. Priorizando seu trabalho do que família, France vai a um briefing de notícias no Palais de l’Élysée, até que um acidente ocasiona uma crise e uma epifania.
Top Gun: Maverick
Para Felipe Hoffmann, Tom Cruise retorna com todo seu amor e paixão em Top Gun: Maverick, não só pelo personagem, mas pelos filmes de ação: “Além disso, a produção dá uma aula de como continuar uma obra que já se tornou um clássico, respeitando o passado e repetindo o que deu certo lá trás, o que pode ser tão bom quanto da primeira vez”.
“Eu poderia passear por histórias mais profundas como Drive my Car ou Licorice Pizza, que foram lançadas lá no início de 2022 e estavam no Oscar deste ano, ou refletir mais sobre a humanidade como em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Mas o melhor filme de 2022 foi Top Gun: Maverick. Com uma história contagiante, que não deixa o ritmo cair, e cenas de tirar o fôlego, o filme passa voando, literalmente”, argumentou.
Ao retornar à TopGun com a tarefa de treinar um grupo de aviadores em formação, Pete Maverick Mitchell fica frente a frente com o tenente Bradshaw (Miles Teller), filho de seu antigo copiloto, Goose (Anthony Edwards). Em meio ao surgimento de uma missão especializada, cria-se uma rivalidade entre eles, enquanto o protagonista precisa reviver fantasmas do passado para se sacrificar em mais um nocivo serviço militar.
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
A melhor produção lançada neste ano, segundo Arthur Tuoto, cineasta, professor e crítico de cinema, é o filme indiano RRR: Revolta, Rebelião e Revolução, da Netflix, ustamente por ser um longa que caminha na contramão de um cinema de ação verossímil que domina Hollywood.
Para Tuoto, os elementos gráficos presente na produção a tornaram marcante para aqueles que amam uma boa experiência audiovisual: “Mesmo os filmes de herói da Marvel, hoje em dia, possuem uma caracterização verossímil para soarem mais legítimos. O RRR integra muito bem cenas de ação live action com elementos gerados por computador em uma dinâmica que não procura ser meramente realista, mas sim trabalhar com uma inventividade visual. É um cinema de espetáculo que assume o espetáculo com todas as letras, que propõe uma experiência audiovisual prazerosa sem se prender a convenções realistas, coisa que anda em falta ultimamente”.
Memoria
Ailton Monteiro, que possui experiência como júri em festivais de cinema e é colaborador do site Pipoca Moderna de Cinema, elegeu como melhor filme de 2022 a produção Memoria de Apichatpong Weerasethakul. Para o crítico, o longa se destaca por seu “caráter pouco palpável” sobre fantasmas do passado, espiritualidade das florestas e pelo modo fantástico e misterioso como lida com o som.
Uma orquidófila visita sua irmã doente em Bogotá. Chegando lá, faz amizade com uma arqueóloga francesa responsável pelo acompanhamento do projeto de construção e de um jovem músico. A cada noite, ela é incomodada por estrondos cada vez mais altos que a impedem de dormir.
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