Olhar Indiscreto: série brasileira da Netflix mistura sexo e mistério

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O primeiro lançamento de 2023 da Netflix saindo do forno está literalmente quente – ou deveria dizer picante? “Olhar indiscreto”, escrito pela argentina Marcela Citterio e dirigido por Luciana Oliveira, conta história de Miranda (Débora Nascimento), uma hacker habilidosa, que passa os dias observando, pela janela, a rotina de Cléo (Emanuelle Araujo), uma garota de programa que mora do prédio em frente.

Espiar o vizinho pela janela não é algo novo no audiovisual. O diretor Alfred Hitchcock marcou a história do cinema com “Janela indiscreta” (1954). Assim como Jeff (James Stewart), no suspense hitchcockiano, observava a vida do vizinho com um binóculo, Miranda também tem o seu para observar a vida de Cléo. Mas estamos no século XIX, por isso a personagem de Débora Nascimento vai além: filma e bisbilhota toda a vida da vizinha nas redes sociais.

E as referências ao mestre do mistério não param por aí. A curiosidade de Miranda pela vida da vizinha vai envolvê-la em um crime. “A Miranda é muito curiosa. Quando a Cleo se mudou para frente do apartamento dela foi o maior presente”, comenta a atriz Débora Nascimento no evento de lançamento da série, acompanhado pelo Metrópoles. E também o pior pesadelo.

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Sexo, crimes e drama com uma pitada de humor

A pulsão de morte e o desejo sexual (talvez Freud explique melhor a relação entre os dois temas) guiam o roteiro Camila Raffanti. Analisando pelos dois primeiros episódios aos quais a reportagem teve acesso, a trama mescla muito bem as cenas eróticas e de suspense, fazendo o espectador ficar curioso em acompanhar as próximas armadilhas perigosas e/ou sexuais que Miranda irá se meter.

“No início, você pode se interessar por essa questão sensual, picante… Mas é muito mais que isso”, ressalta a diretora Juliana Oliveira. “As cenas de sexo não são gratuitas, elas estão dentro de um contexto e vão levar aquele suspense acontecer.”

Miranda ainda vive o drama da morte da mãe na infância e acompanha a perda de memória da avó, vivida por Débora Duarte, que sofre de doença de Huntington, uma espécie de Alzheimer, mas que afeta apenas mulheres. O alívio cômico da vida sombria da personagem acontece nos encontros com a amiga Rita, vivida por Ingrid Klug, que está muito bem no papel.

Sem mão boba

O que definitivamente diferencia “Olhar Indiscreto” de “Janela Indiscreta” é o cuidado com o elenco. A atriz Tippi Hedren, de “Os pássaros” (1963), revelou ter sido agredida física e sexualmente pelo diretor em sua autobiografia, “A memoir” (2016).

“Olhar indiscreto” é a primeira produção brasileira da Netflix a contar com uma coordenadora de intimidade no set da produção. “Essa profissional trouxe para nós uma visão muito técnica”, diz Emanuelle Araújo. “Toda essa bagagem e cuidado para gravação das cenas de sexo deu para nós até mais segurança para liberarmos nossas potências criativas.”

A chegada da profissional também foi bem vista pela direção. “Às vezes, nós, diretores, não sabemos onde cortar. Porque queremos sempre mais. Ela me ajudava, falando aqui já está bom”, assume Juliana.

“É um trabalho super minucioso, onde ela identifica todos os lugares em que é bom os atores se tocarem, além várias opções de posições para uma cena sexo. É uma novidade muito bem vinda.”

O olhar indiscreto feminino

As atrizes ressaltaram ainda a presença feminina no set operando as câmeras, microfones e em todas as funções da produção. “Em muitos projetos, vivemos bastidores extremamente masculinos. Fazer essas cenas de intimidade na frente de tantos homens é delicado”, aponta Emanuelle. “É muito legal ter essa maioria feminina trabalhando nessa série, porque sentimos a diferença nas mínimas coisas.”

Não só nas cenas de sexo, que não tem gemidos excessivos, mas também nas cenas de violência. Quando Miranda é jogada pela janela (isso não é spoiler, fique tranquilo), não aparece a personagem estatelada no chão. A diretora usa o recurso de cortar as cenas nos momentos de mais alta tensão, deixando o espectador curioso em saber o que aconteceu.

“Contamos essa história pelo olhar feminino”, conclui Juliana. “Nada contra os homens, mas fizemos essa opção de trabalhar com uma equipe de mulheres para que a série tivesse esse olhar.”

A série conta ainda com as diretoras Fabrizia Pinto e Letícia Veiga. Estreia dia 1o de janeiro na Netflix. Assista ao trailer:

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