Em um mundo em que a palavra polarização é usada para descrever os mais variados (e improváveis) contextos, Certas Pessoas, filme da Netflix que estreia nesta sexta-feira (27/1), propõe a pergunta: tem problema rir um pouco disso? A própria produção de Kenya Barris tem uma resposta para essa questão: não, se for bem-feito.
E antes que venham mais dúvidas, Certas Pessoas é bastante bem-feito e se torna uma comédia romântica, ao mesmo tempo, divertida e provocativa.
O filme acompanha o casal Ezra (Jonah Hill) e Amira (Lauren London). Dois jovens descolados de Los Angeles, que curtem as mesmas coisas, e se apaixonam. Ele, branco e judeu. Ela, negra e mulçumana. Para os dois, a questão religiosa é algo mais ligado às tradições familiares do que uma vivência espiritual.
Mas, é justamente nas tradições familiares, que as coisas complicam. Pois, se Ezra e Amira pouco se relacionam com as religiões, o mesmo não pode ser ditos dos pais. E, ao confrontar visões de mundo tão diferentes, Certas Pessoas aborda as relações culturais e racias usando o humor como ferramenta maior.
Assim, destacam-se Eddie Murphy, que vive Abkar (pai de Amira), e Julia Louis-Dreyfus – Shelley, a mãe de Ezra. Enquanto o primeiro, tenta o tempo todo colocar o futuro genro em uma posição de constrangimento, ela se agarra a uma crítica certeira de como o excesso de “desconstrução” pode esconder um preconceito ainda maior.
Colocando essas oposições na tela em diálogos divertidos e apostando em um humor de constrangimento, Certas Pessoas sai da comédia genérica para entregar um filme marcante e, principalmente, muito engraçado.
O filme, porém, desliza quando precisa entrar na tradicional fórmula das comédias românticas. Talvez, um pouco de subversão no terceiro ato seria recomendável. Mas, tal qual o filme sugere, não é preciso acertar sempre.
Avaliação: Ótimo
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