A construção de um posto de gasolina na QL 10 tem mexido com os ânimos dos moradores do Lago Sul. Tratores derrubaram árvores nativas do cerrado, como angicos, nesta quarta-feira (22/3). A previsão é de que toda a vegetação da área, entre os conjuntos 2 e 3, seja removida em 10 dias. Será mais um caso no Distrito Federal em que a natureza é devastada para dar lugar a empreendimentos comerciais.
Veja o vídeo:
Além da perda das árvores nativas, os residentes reclamaram de outros impactos ao meio ambiente, como a possível contaminação do solo. Eles ainda se queixam que não houve qualquer tipo de consulta pública sobre a implantação do posto de gasolina na região.
“No domingo (19/3), eu vi uma árvore caída, mas não fazia ideia do que se tratava”, contou a jornalista Liz Lobo, moradora da quadra. Assim como ela, o médico Odenofre Ferreira disse que não sabia da obra no local.
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“Sinceramente, eu estou sendo informado por vocês. Nós temos um grupo da vizinhança e ninguém comentou nada. Ninguém está sabendo — fato que é muito preocupante.” Ferreira ainda alertou para o aumento da movimentação em frente à quadra em que mora.
Já existe um posto na região
“Eu duvido que algum morador aqui seja a favor”, acrescentou o economista e também residente Roberto Piscitelli. Ele destacou a perturbação e a sujeira que serão causadas pela construção do comércio.
“Estamos bem servidos de postos de gasolina aqui no Lago Sul. Não há a menor necessidade desse novo”. A cerca de 1 quilômetro da obra — equivalente a dois minutos de carro — há um empreendimento do mesmo tipo. Veja a distância exata marcada pela plataforma Google Maps.
A ex-administradora do Lago Sul e presidente do Conselho Comunitário (CCLS), Natanry Osório, juntou-se aos críticos da nova construção. Ela ressaltou que, em 2013, tentaram construir um posto no local. “A reação dos moradores impediu porque não havia e não há a menor necessidade. Dessa vez, estão fazendo sem comunicar ninguém”.
No local, constam piquetes que vão servir determinar a entrada e a saída de veículos no posto de gasolina quando estiver construído.
Outro lado
Questionada, a Administração Regional do Lago Sul informou que a área está liberada para construção de posto de gasolina. “Portanto, neste aspecto, não tem ilegalidade”. Segundo nota, não seria necessária uma audiência pública, uma vez que o terreno está reservado para esse tipo de construção.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) informou que “a obra mencionada tem as autorizações necessárias emitidas pelos órgãos competentes, além de não causar impactos negativos”.
Em relação à derrubada das árvores, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que a autorização é concedida pela autarquia após “cumprimento de rito”. “Tudo licenciado e dentro da legislação ambiental”. O órgão não informou o nome da empresa responsável pela obra. No canteiro de obras, também não há placa informando quem é o engenheiro responsável pela construção.
Angicos
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os angicos – que estão sendo removidos do local para a construção de um posto – são árvores nativas do cerrado recomendadas para recuperação de terrenos. Elas têm papel importante na medicina popular, com o uso da casca para chás em caso de gripe, o que favorece a expectoração da secreção nasal.
A árvore também é muito usada na apicultura, já que fornece pólen e néctar com 33% de açúcar, para produzir um mel com qualidade superior. A planta pode chegar a 25 metros. Veja todas as características neste link.
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