Os sinais de que a tragédia em escola de SP era iminente

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São Paulo – Alerta de aluna à professora, boletim de ocorrência na polícia e mensagens nas redes sociais são alguns dos sinais de que o atentado que culminou na morte da professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, dentro de uma escola estadual de São Paulo, na última segunda-feira (27/3), era uma tragédia iminente.

Os pais do autor do ataque, a Secretaria Estadual da Educação e a Polícia Civil já haviam sido alertados, de diferentes formas, sobre o comportamento suspeito do aluno de 13 anos, que foi apreendido pela polícia e será internado provisoriamente na Fundação Casa, por decisão da Justiça.

O estudante, que deixou outras três professores e um aluno feridos no ataque a faca, apresentava um comportamento violento e já tinha sido transferido de escola após ameaçar um colega, por meio mensagem de WhatsApp.

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A seguir, o Metrópoles lista todos os sinais de que o adolescente de 13 anos estava na iminência de cometer um atentado na escola:

Alerta de aluna

Uma garota de 13 anos que estuda na mesma classe do autor do atentado, na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, afirmou em depoimento à polícia ter testemunhado um amigo dele fazendo uma pesquisa sobre massacres em escolas.

Isso ocorreu, de acordo com a jovem, no último dia 22 de março, quando estavam em uma aula de português, no laboratório de informática da escola. O menino que fazia a pesquisa afirmou, também em depoimento, que conversava sobre psicopatas com o autor do ataque, de quem era amigo.

Quando notou que a garota percebeu a pesquisa sobre massacres em escolas, ele pediu para a jovem “não falar para ninguém.” A menina, porém, alertou a professora de português, que disse que “iria ver o histórico de pesquisas”, segundo o depoimento.

Após o ataque à aescola, na segunda-feira, a estudante questionou a professora se ele havia feito algo a respeito. “A mesma disse que não chegou a olhar o histórico das pesquisas”, relatou a aluna à polícia.

Boletim de ocorrência

Um mês antes, no dia 28 de fevereiro, uma funcionária da Escola Estadual José Roberto Pacheco, em Taboão da Serra, onde o garoto estava matriculado à época, registrou um boletim de ocorrência por “ameaça” na delegacia da cidade, alertando para o “comportamento suspeito” do estudnate.

O caso chegou até a direção da escola depois que a mãe de um aluno de 12 anos contou que seu filho havia sido ameaçado de morte pelo adolescente, por meio de mensagens de WhatsApp. O relato à escola, segundo ela, foi feito no dia 14 de fevereiro.

Ao registrar o caso na polícia, a funcionária da escola afirmou que “alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos [de armas]”. Devido aos episódios de violência, a escola convocou os pais do adolescente, no dia 1º de março, e pediu que ele fosse afastado temporariamente do convívio com os demais estudantes, realizando apenas atividades domiciliares.

Os pais não teriam concordado com a proposta e pediram para que o filho de 13 anos fosse transferido de escola. No dia 6 de março, o adolescente começou a frequentar a Escola Estadual Thomazia Montoro, onde ele esfaqueou as professoras na segunda-feira.

Segundo a Prefeitura de Taboão da Serra, a antiga escola do agressor acionou o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi), solicitando acolhimento do adolescente, mas a mãe e o filho não compareceram. Assim como no dia 10 de março, em uma consulta com psiquiatra da equipe de Saúde Mental do município.

Comportamento em casa

No depoimento que prestou à Polícia Civil depois do ataque, o adolescente relatou sofrer uma série de violências praticadas pelo pai, que o golpeava com uma cinta. Ele afirmou também ter visto o pai ameaçar a mãe com uma faca e já ter pensado em matá-lo.

Na casa do adolescente, os policiais encontraram três máscaras que remetiam a outros atentados em escolas, como o Massacre de Suzano, em 2019, um par de luvas e um boné preto e uma pistola de pressão idêntica a um modelo real.

Outro sinal dado pelo garoto era seu isolamento. Segundo seu depoimento, ele passava horas sozinho no sótão de casa, sem contato com o restante da família, era aficcionado por outros atentados praticados em colégios e descontava sua raiva aplicando golpes com faca em travesseiros.

Um dia antes de cometer o atentado, o jovem deixou bilhetes para a família se desculpando do que iria fazer na escola onde estudava.

Alertas nas redes sociais

A fixação pela violência do adolescente saltaria aos olhos de quem visse um perfil que o jovem mantinha no Twitter, usando o sobrenome de um dos autores do Massacre de Suzano, que deixou sete mortos em março de 2019, na cidade da Grande São Paulo.

A conta, que era fechada, tinha uma foto do garoto com uma máscara de caveira, peça usada por autores de outros ataques semelhantes no mundo. O jovem chegou a anunciar que faria o ataque, em uma postagem no domingo (26/3) à noite. “Tomara que consiga alguma kill (morte) pelo menos”, escreveu. “Me desejem boa sorte”.

O rapaz tinha 17 seguidores. A Polícia Civil vai investigar quem são essas pessoas, para saber se alguém incentivou o ataque da última segunda-feira.

Bullying na escola

Todo o comportamento violento, segundo o prório adolescente, era uma reação ao bullying que ele diz que sofria nas escolas pelas quais passou, por causa de sua aparência física. À polícia, ele disse que era chamado por alguns colegas de escola de “rato de esgoto”.

Na Escola Estadual Thomazia Montoro, onde o garoto voltou a estudar neste mês, ele se envolveu em uma briga na semana passada com um aluno que o teria xingado. Ele reagiu xingando o colega de “macaco”. A briga foi apartada por Elisabeth Tenreiro, professora que ele matou com dez golpes de faca na manhã da última segunda-feira.

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