No fim de abril, o deputado federal Washington Quaquá (RJ), vice-presidente nacional do PT, embarcou rumo Cuba pela segunda vez em menos de seis meses.
Em dezembro, ele foi à ilha acompanhado de um grupo de correligionários comemorar a própria vitória nas urnas.
Agora a viagem foi oficial, custeada pela Câmara dos Deputados, na companhia de outros três parlamentares e de empresários amigos.
Mas Quaquá aproveitou a oportunidade para, segundo ele mesmo, prospectar negócios — e prospectar negócios, diga-se, com potencial de beneficiar empresários conhecidos e lhe render dividendos políticos em seu reduto eleitoral, o município de Maricá, no Rio de Janeiro.
Organizador da missão, o vice-presidente do PT assume de viva-voz a intenção: “A gente foi identificar uma série de oportunidades que tem lá e vamos começar a prospectar gente para fazer investimento lá”.
A questão é quem serão os escolhidos para a empreitada — e como se dará a escolha. Indagado sobre isso, Quaquá faz mistério.
Ele se recusou a dizer, por exemplo, os nomes de empresários do Rio de Janeiro que foram convidados para missão.
“O porto de Mariel ali é uma porta de entrada importante para todo o Caribe”, disse o deputado, referindo-se ao porto cubano que nos governos do PT recebeu investimentos milionários do BNDES que até hoje não foram quitados.
A coluna apurou que um dos negócios costurados pelo vice-presidente petista com o governo cubano foi um acordo de cooperação entre a estatal cubana de biotecnologia, a BioCubaFarma, e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá.
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O município fluminense, repita-se, é a base eleitoral do deputado, cujo filho, Diego Zeidan, é vice-prefeito. Zeidan, que também estava na viagem, se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Solidário na administração de Eduardo Paes, na cidade do Rio de Janeiro.
O acordo prevê o desenvolvimento e a produção, em Maricá, de uma vacina para diabéticos que ajuda em processos de cicatrização e evita casos de amputação. Uma empresa privada brasileira já foi escolhida para participar do negócio.
Só que, curiosamente, Quaquá diz que não pode dizer que empresa é essa. “O nome não pode ser dito, porque tem confidencialidade”, afirma o deputado e vice-presidente do PT.
Na viagem de dezembro, Quaquá encontrou em Havana o ex-ministro José Dirceu, sabidamente dono de ótimas relações com a ditadura que há décadas comanda a ilha.
A missão de agora, capitaneada pelo vice-presidente petista, contou com os deputados federais Dimas Gadelha (PT), Juninho do Pneu (União Brasil) e Ricardo Abrão (União Brasil), todos do Rio.
Abrão tem empresas no Brasil na área de combustíveis, e declarou possuir R$ 21,9 milhões em bens nas últimas eleições.
Também fez parte da comitiva um assessor do filho de Quaquá que dirigiu o PT do Rio e aparece em registros oficiais como ex-sócio de uma construtora.
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