Mesmo com fortes medicações, a militar Maria Luiza Silva, de 62 anos, lembra do momento que foi atingida pelo motorista bêbado que conduzia uma BMW no Lago Sul na noite de quinta-feira. “Foi assustador”, recorda.
“Tudo foi muito rápido. O carro estava em altíssima velocidade”, recordou a vítima. Maria Luiza destacou que o socorro foi rápido e lamenta que o aposentado Eurico Cesar dos Santos Tavares tenha fugido do local.
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Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o condutor do veículo de luxo entrou na garagem de uma casa e fechou o portão, mas acabou capturado pelos policiais. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro e foi conduzido a uma delegacia.
“Muito grave o que aconteceu”, ressaltou o advogado Luis Maximiliano Telesca, que defende Maria Luiza. “Tem aí uma omissão de socorro, direção perigosa e ainda embriaguez”.
Telesca reforçou que a vítima vai entrar com processo e pedir danos materiais e imateriais que a vítima tenha sofrido.
Perfil
Maria Luiza Silva é um dos nomes do Distrito Federal a inaugurar a luta contra o preconceito de gênero nas instituições militares. Primeira mulher transexual reconhecida na história das Forças Armadas Brasileiras (FAB), a cabo travou uma extensa batalha para reverter sua aposentadoria, expedida de forma compulsória e precoce.
Em 1997, aos 37 anos, mais de 20 deles dedicados à carreira militar, vários elogios na ficha e nenhuma punição, ela achou que estava na hora de comunicar ao comando sobre o desejo de se assumir transexual e fazer a cirurgia de redesignação sexual. Diante da informação, foi instaurado um processo que envolveu médicos e superiores. Ao final, Maria recebeu o parecer de que era “incapaz, definitivamente, para o serviço militar”.
Ela procurou a Justiça para reaver os direitos. Embora o ingresso de mulheres na FAB tenha ocorrido a partir de 2003, somente sete anos depois foi expedida decisão definitiva a favor de sua reintegração. Porém, já com 49 anos idade, Maria Luiza foi direto para a reserva.
Assim, chegou ao fim o sonho da militar de vestir a farda feminina da corporação. Uma história forte e que inspirou o cineasta Marcelo Díaz a gravar um documentário com o nome de Maria Luiza. A produção foi lançada no ano passado no Festival Internacional de Documentários, principal evento do gênero na América Latina.
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