Homem invadiu o apartamento onde três mulheres vivem no Cruzeiro Novo. Logo após o episódio, o suspeito foi preso em uma escola pública
O desespero de três mulheres após encontrarem um homem, de 39 anos, escondido debaixo de cama do apartamento onde vivem no Cruzeiro Novo, na madrugada da terça-feira de Carnaval (4/3), foi filmado em vídeo. “Socorro! Chama a polícia”, gritou uma das vítimas, logo após flagrar o homem dentro do próprio quarto.
O 7ª Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) prendeu o suspeito logo após da invasão. O caso está em investigação, mas foi apurado que não está descartada a hipótese de que o homem estivesse em surto.
Câmeras registraram o momento em que o suspeito chega correndo no prédio, antes da invasão. As imagens flagraram o instante em que uma vítima, após encontrar o homem, foge e segura a porta da portaria para impedir a saída do suspeito.
Segundo uma testemunha, que terá a identidade preservada, o condomínio inteiro se assustou com a gritaria que vinha dos corredores. “Eu imaginei que fosse um rato. Porque elas saíram gritando assustadas. Só aí percebi que era mais grave. Elas estavam descendo as escadas e batendo nas portas e pedindo: Socorro! Socorro! Chama a polícia”, contou.
A testemunha foi na cozinha e pegou uma faca. “No que eu abri a porta, ele estava de frente ao meu apartamento. Literalmente na minha porta. E veio para entrar no meu apartamento também. Só que no susto eu fechei a porta. Eu estava só com uma faca, ele podia estar muito bem armado, o que poderia ser muito pior. E aí liguei para a polícia”, completou.
Outros vizinhos começaram a gritar, chamando pela polícia e alguns desceram para tentar ajudar. As vítimas foram acolhidas pela vizinhança e o homem conseguiu fugir, pulando a grade do condomínio.
“Ele não parecia morador rua ou usuário de drogas. Porque essas pessoas vão ter estereótipos. Vão estar mal vestidas. Não. Eles estava de tênis, bermuda, camisa, boné. Parecia estar bem vestido. Limpo. Não me parecia alguém que estava em surto”, comentou.
Oportunidade
As câmeras de segurança mostram o homem rondando o pilotis em busca de uma oportunidade para entrar no prédio. Sem ter conhecimento da situação, um vizinho deixou a porta da portaria aberta quando foi jogar o lixo fora. Nesse momento, o suspeito invadiu.
“Não sabemos porque ele foi diretamente no último andar onde elas moram. Parece que foi premeditado, por ser um apartamento só com mulheres. Nossa suspeita é que foi olhando as portas. No primeiro andar, os apartamentos têm grades, então não tinha como invadir. No segundo, tinha televisão ligada e cachorros. No terceiro, eu estava limpando a casa, então tinha movimento. Aí ele foi ao último andar”, contou.
Segundo a testemunha, o homem não era conhecido da vizinhança. “Eu não sei se fomos os azarados da estatística. Sei que a criminalidade no Cruzeiro não é alta. Talvez a gente tinha sido o azarado ou o ponto fora da curva. Sei que dá muito medo. Agora é preciso trancar a porta duas vezes, nunca mais deixar a porta aberta. É um pouco estranho. A pessoa chegar assim. Escolher o quarto andar. Um apartamento especificamente com três mulheres. Mas não faço ideia se foi ou não premeditado”, desabafou.
Acordado pelos gritos
O sindico do prédio dormia na hora da invasão e foi acordado pelos gritos. Inicialmente, pensou ser um episódio de briga de casal. Mas logo entendeu que se tratava de uma invasão.
“Pelas câmeras, a gente viu que ele veio correndo da rua. Veio em um ritmo acelerado. E de repente parou na frente ao prédio, olhou e pulou a grade. Ficou uns 20 minutos no pilotis tentando forçar a abertura dessas portas de vidro. Não conseguiu uma abertura e ficou esperando uma oportunidade”, lembrou.
De acordo com o sindico, as três moradoras do apartamento invadido não estavam na residência no momento. Pelas imagens, o homem teria ficado aproximadamente 20 minutos dentro imóvel até a chegada das moradoras.
As vítimas chegaram por volta de 1h40 da madrugada. “Depois que elas chegaram, ainda levou de 8 a 10 minutos até elas encontrarem ele. Ele entrou debaixo da cama. Uma das moças pensou que tinha um animal debaixo da cama, estranhou e iluminou o local, quando deu de cara com o invasor. Parece que ele tentou agarrá-la e ela se desvencilhou. Pelas imagens, uma delas tentou segurar a porta para ele não sair”, detalhou.
Segundo o síndico, o suspeito teria gritado que “não estaria fazendo nada” e que “não precisava chamar a polícia”. “Aparentemente ele estava ansioso. Estava andando para lá e para cá”, contou. Na sequência, o suspeito fugiu.
O invasor tentou fugir, mas acabou preso por policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Durante a abordagem, disse ser homossexual, tentando diminuir a gravidade da invasão com a suposta falta de interesse por mulheres.
Teto de escola
O homem chegou a pular o muro da Escola Classe (EC) 4, na Quadra 407 do Cruzeiro Novo, e se esconder. Contudo, policiais militares o encontraram e o prenderam em cima do telhado do colégio. A PMDF suspeita que ele tenha sido o mesmo criminoso que invadiu um colégio particular da região administrativa, na semana passada.
As três vítimas estão bem, e o caso foi registrado na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), mas as investigações ficarão a cargo da 3ªDP (Cruzeiro). Na delegacia, o homem assinou termo circunstanciado de ocorrência (TCO) – protocolo adotado para crimes de menor potencial ofensivo – e foi liberado.
O Metrópoles apurou que os investigadores não descartam a possibilidade de que o homem estava em surto, pois ele teria dito aos policiais que estava sendo perseguido e que usa medicação controlada.