A Organização Mundial da Saúde (OMS) “lamentou”, nesta quarta-feira (15), a decisão do presidente americano, Donald Trump, de suspender o financiamento para a organização, acusando-a de administrar mal a pandemia de coronavírus. Em 2019, os EUA destinaram 400 milhões de dólares à Organização das Nações Unidas (ONU).
“Lamentamos a decisão do presidente dos Estados Unidos de ordenar a suspensão do financiamento da Organização Mundial da Saúde”, declarou seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva virtual. Ele acrescentou que a gestão da pandemia será examinada “em seu devido tempo”.
Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, “não é hora de cortar fundos para as operações da OMS ou de qualquer outra agência humanitária que luta contra” o coronavírus e sempre haverá tempo para estudar mais “como reagiram todos os envolvidos na crise”.
Reações
A decisão dos Estados Unidos causou reações de líderes de diversos países. A China expressou “profunda preocupação”, afirmando que a medida “enfraqueceria a capacidade da OMS e minaria a cooperação internacional contra a epidemia”.
Um porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, pediu aos Estados Unidos que “assumam seriamente suas responsabilidades e obrigações e apoiem ações internacionais contra a epidemia liderada pela OMS”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, “lamenta profundamente” a decisão dos EUA, dizendo que os esforços da OMS “são mais necessários do que nunca para ajudar a conter e reduzir a pandemia”. “É apenas unindo forças que podemos superar essa crise sem fronteiras”, acrescentou.
Na luta contra a pandemia, “um dos melhores investimentos é fortalecer as Nações Unidas, em particular a OMS, que é subfinanciada, por exemplo, para o desenvolvimento e distribuição de testes e vacinas”, estimou no Twitter o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mas, acrescentando que “culpar não ajuda”.
França vê falhas
A OMS demonstrou “falhas” na sua gestão da crise do coronavírus, afirmou o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves le Drian, que pediu um “novo multilateralismo da saúde”.
“Sem dúvida há coisas a dizer sobre o funcionamento da OMS, talvez uma certa falta de reatividade, de autonomia em relação aos Estados, talvez uma falta de meios de detecção, de alerta e de informação, de capacidade reguladora”, afirmou o ministro francês durante uma audição no comitê das Relações Exteriores do Senado.
“Mas não é automaticamente a responsabilidade dos atores da OMS, é também um problema intrínseco da instituição e acredito que a crise atual deveria nos permitir revisar o papel de cada uma das grandes instituições que existem na atualidade”, acrescentou.
O governo francês disse ainda que “lamentava” a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de suspender a contribuição para a OMS em meio à crise de coronavírus e indicou que a França esperava “um retorno à normalidade” para que a OMS possa continuar com seu trabalho.
Salvar vidas
A “única preocupação” da Organização Mundial da Saúde (OMS) é salvar vidas da pandemia de Covid-19 e nessa tarefa ‘não há tempo a perder”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesu em sua conta no Twitter logo após o anúncio pelos Estados Unidos da suspensão de seu financiamento à OMS. (AFP)
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