Cloroquina: médico diz ter sido demitido por contrariar Trump

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Diretor da Autoridade Biomédica Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento (Biomedical Advanced Research and Development Authority, em inglês, ou Barda), agência responsável por desenvolver e comprar vacinas nos Estados Unidos, o médico norte-americano Rick Bright foi demitido na terça-feira (21/04). O movimento pegou de surpresa especialistas da área de saúde no país, porque ele liderava a busca por vacina contra o coronavírus.

Nesta quarta-feira (22/04), Bright enviou uma declaração ao jornal The New York Times afirmando que um dos fatores que o levou a ser dispensado foi a “insistência para que o governo invista os bilhões de dólares liberados pelo Congresso para enfrentar a Covid-19 em soluções seguras e cientificamente examinadas, não em medicamentos, vacinas e outras tecnologias que não têm mérito científico“.

Embora Bright não tenha citado o nome da hidroxicloroquina, o medicamento foi o centro da disputa com o governo de Donald Trump, que vinha defendendo uma expansão rápida da droga já utilizada no tratamento da malária e de doenças autoimunes, como o lúpus. O médico se opunha à expansão rápida da oferta do medicamento para pacientes com Covid-19.

Foi uma situação muito parecida à ocorrida no Brasil, onde o remédio também foi um dos fatores a contribuir para a queda do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, após disputa com o presidente Jair Bolsonaro, que, a exemplo, de Trump, adotou a substância como aposta para enfrentar o coronavírus e reabrir o país.

O médico também afirmou, no comunicado, que feito uma denúncia ao inspetor geral, uma espécie de corregedor, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o Ministério da Saúde dos EUA.

Na declaração, Bright foi duro. “Minha formação profissional me preparou por um momento como este, de enfrentar e derrotar um vírus mortal que ameaça americanos e pessoas do mundo inteiro. Até agora, liderei os esforços do governo para investir na melhor ciência disponível para combater a pandemia da Covid-19″, afirmou.

“Infelizmente, isso resultou em confrontos com a liderança política do Departamento de Saúde, incluindo críticas por meus esforços de investir cedo em vacinas e suprimentos essenciais para salvar vidas. Também resisti aos esforços para financiar drogas potencialmente perigosas promovidas por pessoas com conexões políticas ”, prosseguiu.

“Especificamente, e ao contrário de diretrizes equivocadas, limitei o amplo uso de cloroquina e hidroxicloroquina, promovido pelo governo como uma panaceia, mas que claramente não tem mérito científico.”

(Com informações da Agência Estado)

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