Peso da legislação tributária é desafio para novos prefeitos

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Peso da legislação tributária é desafio para novos prefeitos
Discussões das reformas tributárias estão em andamento no Congresso Nacional. Crédito da foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil (1/4/2020)

Seis anos atrás, o advogado mineiro Vinícios Leôncio reuniu, num livro, todo o ordenamento jurídico para pagamento de impostos municipais, estaduais e federais do Brasil. Deu uma peça de 7,5 toneladas e 41.266 páginas, que revela o tamanho do problema que os candidatos a prefeito terão que enfrentar.

O advogado afirma acreditar que as reformas tributárias em andamento no Congresso Nacional não conseguirão dar alívio aos caixas municipais, opinião corroborada pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

Há duas reformas tributárias em andamento no Congresso Nacional. Ambas, avalia o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, ineficientes para resolução do problemas de caixa das prefeituras. Segundo o técnico, o prazo de transição das propostas vai de 15 a 50 anos. Dessa forma, diz Perre, o País conviveria ao longo de todo esse tempo com os dois sistemas, o atual e o que for aprovado pelos parlamentares. “Essas propostas querem complicar para depois simplificar”, afirma.

A reforma tributária sugerida pela FNP, garante Perre, transformaria o livro do advogado Vinícios Leôncio em uma publicação de 150 páginas. A frente defende a simplificação dos tributos e a adoção de uma nota fiscal eletrônica nacional. “As pessoas poderiam se relacionar de maneira mais clara com os tributos. Às vezes não se sabe nem o que tem que pagar”, reclama. A proposta da frente, segundo Perre, foi anexada a uma proposta de emenda à Constituição.

Leôncio concorda com a necessidade de simplificar os tributos. Segundo ele, cada município brasileiro tem um ordenamento tributário diferente. Para o advogado, o que mais aflige o empresário não é a carga tributária em si. “Pagar imposto é normal em qualquer lugar do mundo. O problema é o custo da incerteza jurídica. Com esse emaranhado de normas, um processo judicial tributário no Brasil pode durar de 18 a 19 anos para terminar”, aponta. E o Estado também é vítima. Segundo ele, a União tem bilhões em dívidas de impostos a receber.

O livro de Leôncio, que surgiu da ideia de dar uma ‘cara’ para o tamanho da carga tributária brasileira, foi concluído em 2014, depois de 23 anos de pesquisa. ‘A ideia surgiu porque toda sociedade diz que a legislação tributária brasileira é muito extensa. O que quis foi materializar isso, tornar palpável, para que isso ajude a mudar os rumos do País”, argumenta.

Atualização

Leôncio até toparia nova edição, embora tenha tido três enfartes enquanto fazia o livro. Novas normas surgiram nos últimos seis anos. “Foram publicadas mais 75 mil normas tributárias em todo o Brasil”, diz o advogado, atribuindo o dado ao Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).

Enquanto acompanha o destino do sistema tributário brasileiro, o advogado Leôncio iniciou procedimentos para apresentar seu livro para o Guinness Book. A publicação está em um galpão em sua fazenda, no município de Santana dos Montes, a 130 quilômetros de Belo Horizonte. “Esse é o peso do custo Brasil”, diz. Há ainda projeto para distribuir pela região placas sobre a publicação, convidando para que seja visitada.

O advogado tem um concorrente forte. Um livro produzido na Hungria tem 4,18 metros por 3,77 metros, dimensões, portanto, maiores que a do brasileiro: 2,20 metros por 1,25 metro. Em relação ao peso, porém, a produção de Leôncio é superior. O livro húngaro tem 346 páginas e 1.420 quilos. A gigante obra do país europeu é sobre a natureza na região e foi registrada no Guinness em 2010.

Governo busca apoio para votar em outubro

O secretário da Receita Federal, José Tostes, afirma que a estratégia do governo federal é buscar um acordo, até outubro, para a votação da reforma tributária com a fusão integral dos tributos de consumo. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Tostes diz que uma fusão de todos os impostos – PIS/Cofins (governo federal), ICMS (Estados) e ISS (municípios) – é a melhor solução.

O secretário propõe que a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributo previsto na proposta do governo que reúne o PIS e Cofins, entre em vigor antes para a implantação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) amplo. “Se olharmos as propostas que estão no Congresso, elas colocam um período de teste, com uma alíquota pequena, em que os dois sistemas coexistem. Estamos propondo que a CBS seja esse período de teste”, afirma. (Leonardo Augusto – Estadão Conteúdo)

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