
Nascido em Brasília em 1964, Breno cresceu no Rio de Janeiro e estudou cinema na École Louis Lumière em Paris. Ao lado dos diretores Andrucha Waddington e Cláudio Torres, criou a produtora Conspiração Filmes em meados da década de 1990. Ele e outros “conspiradores” renovaram os vídeos musicais naquela década.
O primeiro longa assinado por ele, “2 Filhos de Francisco”, baseado na vida dos músicos Zezé Di Camargo & Luciano, se converteu em um dos maiores sucesso de bilheteria do cinema brasileiro, completando a invejável marca de 5,3 milhões de espectadores. Foi o indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006, mas acabou sendo esnobado na peneira da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Anos depois, o diretor narrou a saga dos músicos da nordestinos em “Gonzaga: De Pai Para Filho” (2012), sobre Luiz Gonzaga e seu filho Gonzaguinha. Desde então, Silveira vinha procurando uma história ligada ao sertão até encontrar o livro de Frances de Pontes Peebles, “A costureira e o cangaceiro”.
Nascida no Recife, a escritora cresceu nos Estados Unidos, mas sempre ouviu histórias da família sobre o cotidiano de mulheres no sertão. Ela usou essa memória na obra, que será rebatizada como “Entre Irmãs”, numa combinação comercial feita com o filme de Silveira.
Enquanto lança “Entre Irmãs”, o cineasta trabalha no roteiro do filme sobre a vida do cantor Roberto Carlos. Artista notoriamente avesso a revelações de sua vida pessoal, o Rei está acompanhando de perto a redação do roteiro em reuniões constantes com a equipe. “Chamamos um roteirista para escrever a história do Roberto em primeira pessoa”, antecipou Silveira.
Você se sente filiado ao cinema de melodrama?
As pessoas têm medo de tocar no drama, eu sou muito latino nesse sentido e gosto de ver emoções à flor da pele. É o único gênero que me faz pensar na minha própria vida. Gosto de filmar o que me interessa ver no cinema. Jamais dirigiria uma comédia, embora respeite o gênero.
Como você encontrou o livro que baseou o filme?
Depois de “Gonzaga” estava procurando coisas do universo de Lampião. Descobri que não tem histórias suficientes sobre Maria Bonita. Uma amiga me sugeriu o livro justamente porque tinha esse olhar feminino. Encontrei tudo que necessitava na história de “A Costureira e o Cangaceiro”. Há laços de transformações de personagens, com curvas dramáticas bem definidas. Além disso, é uma história de época muito atual. Fala sobre empoderamento feminino, machismo e “cura” gay.
Como foi feita a escalação de elenco?
Eu demoro muito para formar os elencos dos meus filmes. Acredito que tenho de encontrar os atores com a alma do personagem. Foi assim com o Ângelo Antônio em “2 Filhos de Francisco”. Nós já conhecíamos a Nanda Costa e reparamos que ela “era” a Luzia. Inclusive, escrevemos parte do roteiro pensando nela. A Marjorie, pela postura, poderia ser a Emília.
Depois de “2 Filhos” e “Gonzaga”, você está trabalhando num filme sobre Roberto Carlos. Teme ficar conhecido como um cineasta especializado em cinebiografias de ídolos da música?
Não, nunca pautei minha vida e carreira para fazer biografias. Mas, adoro coisas que tenham espelho na realidade e acho que por isso me interessei por essas personagens.