Mercúrio é o planeta menos explorado pelos seres humanos em todo o sistema solar. No intuito de explorar a atmosfera e história do lugar, o projeto colaborativo entre Europa e Japão enviou em 2018 duas sondas espaciais. A previsão é que os aparelhos passem a orbitar Mercúrio no ano de 2025.
A missão divulgou neste sábado (2/10) a primeira imagem do planeta, tirada a apenas 199 quilômetros da superfície de Mercúrio.
We might have been late with the first image, but we’re early with the follow-up Here are a few more incredible first impressions from our first #MercuryFlyby – plus annotations to guide the eye!https://t.co/8RpPeJVBDM#ExploreFarther pic.twitter.com/KkF2wF2vVp
— BepiColombo (@BepiColombo) October 2, 2021
Uma das sondas é da Agência Espacial Europeia (ESA), e outra, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa). Os dois equipamentos, a bordo do foguete-lançador europeu Ariane 5, vão voltar como “um cavaleiro branco”, com dados mais precisos do planeta, segundo o astrônomo do Observatório de Paris Alain Doressoundiram.
De acordo com os especialistas, é fundamental definir a composição e a estrutura do local para esclarecer a formação de planetas rochosos em conjunto (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) antes de entender a formação do nosso planeta. O grande mistério até agora é que o planeta explorado atualmente é diferente dos seus similares e não se sabe por quê. As sondas carregam 16 instrumentos a bordo para fazer esta pesquisa.
Mercúrio é o menor planeta do sistema solar, com diâmetro de 4.879 quilômetros – a Terra, por exemplo, tem 12.756. Segundo o chefe do projeto da contribuição francesa à missão BepiColombo, Pierre Bousquet, o planeta é “estranhamente pequeno.”
Planeta incomum
Essa característica particular pode sugerir que Mercúrio sofreu o impacto de um grande objeto em sua juventude. O engenheiro destaca que há uma “enorme cratera visível em sua superfície que poderia ser a cicatriz desse cataclismo”. A missão da Bepicolombo é justamente esta.
Os resultados da pesquisa podem explicar, entre outras coisas, o tamanho incomum do núcleo do planeta, que é enorme em comparação à Terra: 55% da massa total do planeta contra 30% no caso do planeta onde os seres humanos habitam.
Os cientistas também têm muitas teorias para explicar o campo magnético surpreendente do “elo perdido”. Com exceção da Terra, Mercúrio é o único planeta telúrico que tem um campo magnético gerado por um núcleo líquido. Segundo o tamanho do núcleo dele, o planeta teria que ter esfriado com o passar do tempo e solidificado, como Marte. Há teorias que indicam a presença de um elemento no núcleo capaz de impedir o esfriamento, o que explicaria esta anomalia.
Câmeras infravermelhas vão analisar também a presença de gelo acumulado mesmo com as grandes variações de temperatura por lá, com extremos 430°C registrados durante o dia. À noite, os termômetros caem abruptamente, atingindo até -180°C. Segundo a ESA, a variação ocorreria na Terra com a mudança das estações.
Mesmo com o calor extremo, missões anteriores revelaram que existe gelo no fundo das crateras polares, evidenciando que pode ter se acumulado lá ao longo de bombardeios de cometas e “escapado” dos raios ultravioleta do sol. A confirmação da presença de gelo possibilitaria à missão ter amostras de água e traços que datariam o início do sistema solar.
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