Leilão da Cedae prevê saneamento de áreas dominadas por milícia no Rio

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Rio de Janeiro – Depois de oito meses de espera, o último bloco do leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) será realizado nesta quarta-feira (29/12).

O chamado bloco 3 engloba 20 cidades do estado e mais 22 bairros da zona oeste carioca. As obras de saneamento, previstas na negociação, têm pela frente um desafio adicional no trecho mencionado da cidade do Rio: a presença de milícias.

Dentro do conjunto a ser leiloado estão áreas em comunidades controladas por milicianos, que operam como um poder paralelo e controlam inclusive intervenções urbanas, assim como o acesso de empresas prestadoras de serviços.


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Com saneamento básico precário e um alto índice de insegurança, a área que contempla bairros como Campo Grande, Bangu, Guaratiba e Santa Cruz vive um crescimento desordenado há décadas.

Além dos loteamentos irregulares e favelas, o surgimento dos grupos de milicianos prejudicou a chegada dos serviços de água e esgoto à população desta região, que soma 1,8 milhão de pessoas. Nessa localidade, ocorre a degradação da Baía de Sepetiba – ainda mais negligenciada do que a Baía de Guanabara.

O domínio das milícias se tornou um obstáculo para todas as prestadoras de serviços públicos, além de saneamento básico, como as fornecedoras de energia elétrica e gás natural. São recorrentes os furtos de equipamentos, como no caso das bombas usadas pela Cedae.

Outra questão sensível é a segurança dos funcionários para resolver problemas corriqueiros, como rompimentos de tubulações e vazamento de água e esgoto.

Em grande parte dessas comunidades, o acesso de técnicos acaba vetado pelas milícias, o que impede a conclusão de eventuais reparos solicitados pelos clientes.

Último leilão

A nova concessionária será conhecida nesta quarta-feira (29/12), às 14h, quando acontece o leilão remanescente da Cedae na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo.

A outorga mínima a ser desembolsada pela empresa vencedora é de R$ 1,16 bilhão para os próximos 35 anos. Mas os desafios serão significativos, principalmente pelos problemas existentes na Área de Planejamento 5 (AP5) da capital.

“Eu tinha dito que daria R$ 3 bilhões na segunda fase do leilão, mas tomamos a decisão que não valeria a perspectiva de outorga, mas a quantidade de mais pessoas atendidas. Nós deixamos todos os municípios que quiseram entrar no bloco, inclusive os mais deficitários. Agora, teremos 2,7 milhões de beneficiários”, disse o governador Cláudio Castro.

O primeiro leilão arrecadou R$ 22,6 bilhões com três dos quatro blocos. O bloco 1 e 4 ficaram com o consórcio Aegea, que pagou R$ 15,403 bilhões pelas áreas atendidas. A empresa já assumiu o fornecimento em agosto.

Já o bloco 2 ficou com o consórcio Iguá, que venceu com lance de R$ 7,286 bilhões. A companhia assume o compromisso em fevereiro de 2022.

Sem propostas

No primeiro leilão, em 30 de abril, o bloco 3 abrangia parte da zona oeste da capital fluminense e apenas seis outros municípios: Piraí, Rio Claro, Itaguaí, Paracambi, Seropédica e Pinheiral. Só que não houve propostas mesmo com a menor outorga do leilão, de R$ 908 milhões.

Agora, mais 14 cidades passaram a compor o bloco: Bom Jardim, Bom Jesus do Itabapoana, Carapebeus, Carmo, Itatiaia, Macuco, Natividade, Rio das Ostras, São Fidélis, São José de Ubá, Sapucaia, Sumidoro, Trajano de Moraes e Vassouras.

Investimento de R$ 4,7 bilhões

De acordo com o Governo do Rio, nesta etapa, o projeto prevê R$ 4,7 bilhões de investimentos para universalizar os serviços de saneamento nos 21 municípios que participam do bloco, com cerca de 2,7 milhões de pessoas beneficiadas.

Ainda estão previstos R$ 13,6 bilhões de investimentos em operação e manutenção ao longo de 35 anos.

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