Este ano, o tema foi: “Avançando no tratamento equitativo do câncer por meio da inovação”. O evento aconteceu entre os dias 3 e 7 de junho e apresentou novas tecnologias que prometem aumentar o tempo e a qualidade de vida do paciente com a doença.
Confira algumas das principais novidades apresentadas:
Câncer de mama
O oncologista Cristiano Resende, da Oncoclínicas Brasília, esteve na ASCO e destaca as evoluções na área de medicamentos imunoconjugados para o câncer de mama. “Essas drogas – que já fazem bastante sucesso dentro de suas indicações especificas – prometem avançar para outros tipos de câncer de mama e gradualmente tomar o espaço de tratamentos tradicionais, como a quimioterapia”, diz.
O estudo sobre o medicamento trastuzumabe deruxtecana, que já é aprovado no Brasil para pacientes com câncer de mama HER2 positivo metastático, mostrou bons resultados em pessoas com o chamado HER2 low, quando há expressão menor do receptor.
“Ao usar droga conjugada no cenário do câncer de mama HER2 low metastático, se coloca o quimioterápico dentro de um anticorpo, como se fosse um efeito cavalo de Tróia — quando o remédio se liga na célula tumoral, tem sua efetividade aumentada. Quando essa droga foi utilizada, a sobrevida livre de progressão desses pacientes foi dobrada. Com a quimioterapia tradicional eram 5 meses, agora são 10”, explica Resende.
Com essa nova estratégia, é possível diminuir o risco de morte em quase 40%, de acordo com pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos.
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer, para cada ano do triénio 2020/2022 serão registrados cerca de 625 mil casos da doença no Brasil. Fora o câncer de pele, os tipos mais comuns que acometem os brasileiros são próstata, mama, colo do útero, pulmão, estômago, cavidade oral e tireoide Science Photo Library – STEVE GSCHMEISSNER, Getty Images
Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia miriam-doerr/istock
O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images
Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença Getty Images
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Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso getty images
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O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia BSIP / getty images
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No Brasil, o carcinoma epidermoide escamoso tem a maior incidência entre os canceres de estômago. Os tratamentos envolvem cirurgia ou radioterapia e quimioterapia iStock
O câncer de estômago é diagnosticado após a identificação de tumores malignos espalhados pelo órgão e que podem aparecer como úlceras. Relacionado à infecções causadas por Helicobacter Pylori, pela presença de úlceras e de gastrite crônica não cuidada, por exemplo, a doença pode causar vômito com sangue ou sangue nas fezes, dor na barriga frequente e azia constante Smith Collection/Gado/ Getty Images
O câncer de colo de útero tem como sintomas sangramento vaginal intermitente, dor abdominal relacionada a queixas intestinais ou urinárias e secreção vaginal anormal. O tratamento envolve quimio, radioterapia e cirurgia Science Photo Library/GettyImages
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O câncer de boca é uma doença que envolve a presença de tumores malignos nos lábios, gengiva, céu da boca, língua, bochechas e ossos. É mais comum em homens com mais de 40 anos e tem como sintomas feridas na cavidade oral, manchas na língua e nódulos no pescoço, por exemplo. O tratamento envolve cirurgia, quimio e radioterapia Pexels
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Câncer colorretal
Um dos estudos mais esperados na área de câncer colorretal foi o do pesquisador Dominik Paul Modesto, do Charité Hospital de Berlim, na Alemanha. A equipe do cientista usou uma combinação da droga panitumumab e quimioterapia para tratar pacientes com câncer colorretal metastático sem mutação no gene KRAS.
Foi observada uma média de sobrevivência de mais de três anos (36,2 meses), um aumento de cinco meses em relação ao tratamento de referência.
Outra pesquisa importante usou o medicamento dostarlimab (uma droga para câncer endometrial) para tratar um tipo específico de câncer colorretal. O estudo conseguiu um marco histórico: todos os participantes estão em remissão do tumor um ano após o início do tratamento.
“Já era sabido que os pacientes que são portadores dessa alteração são altamente responsivos à imunoterapia, mas até então não havia provas de que eles poderiam ser curados apenas com o uso desse tipo de medicação. Até aqui, todos os pacientes que fazem parte desse estudo deixaram de apresentar sinais de presença da doença, seus tumores desapareceram”, comenta Aline Chaves, oncologista do Grupo Oncoclínicas.
Câncer de pulmão
Pesquisadores do instituto americano Cedars-Sinai Medical Center apresentaram um grande estudo no qual relacionaram o uso do medicamento ramucirumab com o pembrolizumab contra câncer de pulmão de pequenas células que progrediu após a primeira linha de imunoterapia.
Os pacientes apresentaram um aumento na taxa de sobrevivência de 14,5 meses, em comparação com os 11,6 meses de pessoas que passaram pela quimioterapia padrão para este tipo específico de câncer. Este foi o primeiro estudo que conseguiu provar benefícios de uma segunda linha de tratamento que não envolve quimioterapia.
O estudo ainda é de fase 2, e os pesquisadores irão continuar a pesquisa na fase 3.
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O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos
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No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo
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O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco Getty Images
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A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior
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A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer
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Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes
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Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir
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O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar
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Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo Getty Images
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Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo
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A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença
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Diagnóstico
O oncologista Fernando Vidigal, coordenador da área de oncologia da Dasa em Brasília, também esteve na ASCO, e destaca os estudos sobre a detecção de fragmentos de DNA tumoral na corrente sanguínea — a técnica permitiria facilitar o diagnóstico precoce, já que bastaria uma coleta simples de sangue para fazer o exame.
“É uma área de grande interesse, e vários estudos vem avaliando a possibilidade do diagnóstico precoce. O paciente que já tem câncer também pode se beneficiar, já que é possível detectar mutações específicas que podem guiar o tratamento. Um exemplo prático é no câncer de pulmão: as informações do exame permitem a terapia alvo molecular direcionada”, explica o oncologista.
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