Ainda é cedo para cravar os indicados, mas uma tendência para a cerimônia de entrega do Oscar 2018 começa a se desenvolver muito antes do desenrolar do tapete vermelho. As denúncias de assédio e abuso sexual envolvendo figurões como o produtor Harvey Weinstein e o ator Kevin Spacey tomaram conta de Hollywood e descortinaram uma cultura de machismo, misoginia e violência na indústria americana.

O tom político acentuado no Oscar 2017, no qual “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, sobre negros gays, pareceu uma resposta direta ao início da era Trump, deu a entender que Hollywood deve seguir uma fase de preocupação política aliada a reivindicações sociais.

Tão vocalizado nas redes sociais, o apelo para que mais estrangeiros, gays, trans, negros e mulheres participem de todas as etapas de produção de um filme (de elenco e direção às equipes técnicas) também alcança a premiação.

1/10“A Forma da Água”, de Guillermo del Toro. Estreia em 11 de janeiro de 2018. Após a morna recepção à “A Colina Escarlate” (2015), o diretor mexicano de “O Labirinto do Fauno” (2006) narra um conto de fadas ambientado na Guerra Fria. Uma faxineira muda (Sally Hawkins) descobre um experimento científico que mexe profundamente com seu jeito de viver. Veja trailerFox Searchlight Pictures/Divulgação

2/10“Me Chame Pelo Seu Nome”, de Luca Guadagnino. Estreia em 18 de janeiro de 2018. Talvez o favorito ao Oscar no momento em que este texto é escrito. O novo longa do diretor italiano de “Um Sonho de Amor” (2009) narra o romance de dois jovens nos anos 1980. A intimidade tem comovido plateias brasileiras antes mesmo de estrear, como aconteceu no Festival do Rio. Presença praticamente certa entre os nomeados a melhor filme. Armie Hammer surge como um dos grandes favoritos na categoria de melhor ator. Veja trailerRT Features/Divulgação

3/10“Corra!”, de Jordan Peele. Estreou em 18 de maio. Outra produção de imensa fortuna crítica, o filme insere a experiência dos negros com o racismo em um terror fincado em situações cotidianas. A assinatura do estreante Jordan Peele pode emplacar indicações em roteiro e direção. Veja trailerUniversal Pictures/Divulgação

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4/10“Lady Bird”, de Greta Gerwig. Sem previsão de estreia no Brasil. Após estrelar “Frances Ha” (2012) e se consolidar como uma das grandes atrizes do cinema indie atual, Greta Gerwig volta a dirigir, algo que não fazia desde “Nights and Weekends” (2008), coassinado por Joe Swanberg. A comédia se dedica a cobrir por todos os ângulos a vida de uma jovem (Saoirse Ronan) recém-instalada no norte da Califórnia. Veja trailerIACFilms/Divulgação

5/10“Dunkirk”, de Christopher Nolan. Estreou em 27 de julho. Um dos filmes mais elogiados do ano pela crítica, o drama de guerra carrega a assinatura do peso-pesado cineasta inglês de “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2008). Três vezes indicado, mas nunca premiado. É o filme com mais cara de “representante da indústria” tanto pela sofisticação técnica quanto pela temática humanista sempre irresistível aos votantes do Oscar. Veja trailerWarner Bros./Divulgação

6/10“Trama Fantasma”, de Paul Thomas Anderson. Estreia em 22 de fevereiro de 2018. Anunciado como o último filme de Daniel Day-Lewis, vencedor de três estatuetas que decidiu se aposentar, o longa ainda tem assinatura de cineasta bastante querido (seis indicações), mas nunca premiado. O drama invade a vida profissional e pessoal de Reynolds Woodcock, um renomado estilista na Londres pós-Segunda Guerra Mundial. Veja trailerUniversal Pictures/Divulgação

7/10“The Post: A Guerra Secreta”, de Steven Spielberg. Estreia em 1º de fevereiro de 2018. A primeira colaboração entre Spielberg e Meryl Streep volta aos anos 1970 para mostrar os bastidores de instigantes reportagens do “The Washington Post” sobre o dossiê Pentagon Papers, documento que escancarou mentiras e segredos de estado. Tom Hanks completa o elenco. Além da trinca de estrelas, a trama jornalística vencedora do Oscar por “Spotlight” (2015) pode conquistar os votantes do prêmio mais uma vez. Veja trailerAmblin Entertainment/Divulgação

8/10“Todo Dinheiro do Mundo”, de Ridley Scott. Estreia em 18 de janeiro de 2018. O novo longa do veterano diretor inglês (“Alien”, “Perdido em Marte”) virou notícia bombástica depois da substituição de Kevin Spacey por Christopher Plummer com o filme já pronto. Na trama, o sequestro de um adolescente provoca uma tempestade familiar entre mãe (Michelle Williams) e avô do garoto, o bilionário do petróleo John Paul Getty (Plummer). Veja trailerScott Free/Divulgação

9/10“Doentes de Amor”, de Michael Showalter. Estreou em 19 de outubro. O comediante paquistanês Kumail Nanjiani, da série “Silicon Valley”, conta suas histórias reais de amor e família em um filme sobre a experiência de ser estrangeiro nos Estados Unidos. O elenco ainda conjuga dedicadas atuações de Holly Hunter, Zoe Kazan e Ray Romano. É a comédia romântica da temporada. Veja trailerFilm Nation Entertainment/Divulgação

10/10“Três Anúncios para um Crime”, de Martin McDonagh. Estreia em 25 de janeiro de 2018. Dos anos 1990 para cá, quase todo Oscar elege um filme independente espertinho e arruaceiro. São os longas tarantinescos e crias dos irmãos Coen. O queridinho da vez é a novidade do diretor de “Na Mira do Chefe” (2008) e “Sete Psicopatas e um Shih Tzu” (2012). A solução de um crime reúne elenco que pode beliscar indicações nas categorias de atuação, sobretudo Frances McDormand (venceu por “Fargo”) e Woody Harrelson (duas vezes nomeado). Veja trailerFox/Divulgação

Os títulos com fôlego para receber uma indicação na categoria principal, a de melhor filme, já começam a estrear no Brasil a partir deste mês de novembro. Entre os longas que podem figurar na cerimônia do Oscar 2018, há fitas de gênero (terror, comédia, fantasia, guerra), predominância de produções indies e histórias protagonizadas por minorias.

A lista oficial dos indicados será divulgada em 23 de janeiro de 2018. E a cerimônia de entrega dos prêmios está marcada para acontecer em 4 de março. Com tamanha antecipação, qualquer palpite supõe uma margem de erro considerável. Fora as surpresas e os azarões que surgem para embaralhar a corrida pela estatueta.