Quem é o jovem suspeito de matar ex-sogro policial dentro de farmácia

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Goiânia – Felipe Gabriel Jardim Gonçalves, de 26 anos, vinha sendo procurado pelas forças policiais de Goiás desde o início desta semana. Ele era considerado foragido após ter executado a tiros o ex-sogro policial civil aposentado João do Rosário Leão, de 62. O crime foi em plena luz do dia, na farmácia que ele trabalhava, em uma avenida movimentada do setor Bueno, área nobre da capital de Goiás.

O jovem acabou sendo preso pela Polícia Civil de Goiás no início da noite de quarta-feira (29/6) em uma casa no Conjunto Riviera, bairro da região leste da capital. O endereço e outros locais eram monitorados. A principal suspeita dos investigadores se confirmou: Felipe vinha sendo acobertado por amigos e parentes.

A violência brutal do crime, flagrada por uma câmera de monitoramento na manhã de segunda-feira (27/6), foi um momento explosivo, mas não o único episódio de violência em seu passado. O comportamento agressivo e ameaçador de Felipe já tinha virado caso de polícia em outros momentos, conforme apurou o Metrópoles.


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Felipe nasceu em Goiânia e é filho de um tenente-coronel reformado da Polícia Militar de Goiás. Seguindo o caminho do pai, o jovem chegou a tentar uma carreira na segurança pública. Mas nunca conseguiu de forma efetiva até hoje. Assim, acabou optando pelas maneiras temporárias.

Ele integrou o Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (Simve), espécie de soldado da PM temporário, que mais tarde, em 2015, foi extinto por ser considerado inconstitucional. Ele também foi Vigilante Prisional Temporário (VPT).

Armas

Embora não tenha se tornado policial, Felipe passava essa impressão em suas redes sociais. No início do ano passado, ele se identificava em sua conta no Instagram como “servidor público do Estado de Goiás” com a imagem de uma viatura policial, sem especificar que sua função na época era de VPT.

Na descrição da rede social ele ainda se definia como “viajante” e “acadêmico de direito”. Abaixo da descrição, uma frase exaltava seu lado religioso: “Deus acima de tudo”.

Em mensagens trocadas com uma ex-namorada anexadas em um processo público no Judiciário de Goiás, Felipe exibe armas de fogo. Em uma das imagens aparece uma pistola e uma algema com a legenda “Ferramenta de trabalho kkkkk”.

Já em outra imagem com arma, ele diz na legenda: “Ensina ele a não trocar de roupa na frente da mulher dos outros”.

Felipe tinha o registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador, o chamado CAC.

Ameaças

Felipe é réu por ameaça e violência doméstica contra uma ex-namorada, antes mesmo do caso envolvendo a filha do policial civil aposentado baleado por ele. Segundo relato na Polícia Civil, o jovem já havia agredido a ex-companheira durante o relacionamento, mas a situação teria se intensificado em uma viagem do casal para o Rio de Janeiro, no réveillon de 2020.

De acordo com depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, Felipe tinha recorrentes crises de ciúmes, por causa de roupas, amigos e até de desconhecidos. Durante a viagem, o casal acabou terminando o relacionamento e o então VPT ameaçou a mulher por mensagens.

Ele disse que poderia “estourar” e falou para “ela ficar esperta na rua, porque se ela boiar, ele a pega”. Felipe ainda xingou a mulher de “vagabunda” e “desgraçada”. A audiência desse caso foi marcada para outubro de 2022.

Advogado da jovem, Rodrigo Silva informou que a vítima teme pela própria vida e de familiares. Por isso, só vai repassar informações após prisão do foragido.

Arma na praça

Um pouco antes, em novembro de 2020, Felipe foi parar na cadeia depois de exibir uma suposta arma de fogo na praça de Aruanã, cidade turística às margens do Rio Araguaia, no noroeste de Goiás. Ele estava no local em uma viagem com familiares e amigos.

A arma na verdade era uma airsoft de pistola, espécie de arma de pressão com aparência semelhante à de armas de fogo verdadeiras. Na delegacia, o jovem disse que se arrependia de ter manuseado a arma. O caso foi arquivado. No processo não é detalhada a situação que ele usou a airsoft, mas o caso foi registrado como ameaça.

Relações

Um vídeo de uma câmera de monitoramento mostra que Felipe atirou para cima em frente a casa do sogro em um condomínio de Goiânia. Isso foi na noite de sábado (25/6), às vésperas do homicídio.

O ex-sogro João do Rosário realizou um boletim de ocorrência por conta da ameaça, na segunda. Alguém vazou a informação do boletim para Felipe, que então foi até a farmácia e atirou friamente contra o policial civil aposentado. Os tiros acertaram o peito e a cabeça da vítima.

Uma das filhas do idoso, irmã da ex de Felipe, estava ao lado, no balcão e presenciou toda a cena de violência.

Na manhã seguinte ao crime, o coronel aposentado Wellington Urzêda, pré-candidato a deputado estadual, foi até a delegacia negociar a apresentação espontânea do jovem. Ele disse em suas redes sociais que é amigo do pai do atirador, que também é PM, mas não realiza a defesa dele ou teve contato com ele.

O pai de Felipe, o tenente-coronel reformado Romeu José Gonçalves, também é ex-prefeito de Joviânia, interior de Goiás. O atual prefeito da cidade, o Renin (MDB), também é familiar de Felipe.

O jovem foi nomeado para o cargo comissionado de gerente de sinalização da Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia na semana anterior à data do crime. Após o fato, a prefeitura da capital anunciou a sua imediata exoneração.

Defesa

Em sua defesa no processo em que é réu por ameaçar e agredir a ex-companheira, Felipe alega que na verdade ele é que era vítima de agressões. Além disso, ele explica que na época tinha 2 airsofts e uma arma de fogo verdadeira, que ainda não havia recebido, pois passava por registro para ficar legalizada.

Durante entrevista ao jornal O Popular, o advogado de Felipe Gabriel, Júlio de Brito, disse que ele sofre de transtorno de psicose desde os cinco anos de idade. Segundo ele, a família estaria preparando documentação a respeito disso a ser apresentada aos investigadores.

O suspeito foi procurado desde o crime em vários endereços de cidades goianas. A Polícia Civil, inclusive, tinha pedido a inclusão do nome dele no cadastro de procurados pela Interpol. Mas ele acabou sendo preso mesmo em Goiânia.

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