Não é incomum que as crianças apresentem restrições alimentares na infância. Quando elas têm tem diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), essa situação se torna ainda mais corriqueira e pode representar um complicador para o desenvolvimento.
De acordo com uma revisão de estudos publicada no Journal of Autism and Developmental Disorders em 2021, a seletividade alimentar ou até mesmo uma certa fobia a determinados alimentos ocorre em ao menos metade das crianças que convivem com o transtorno do espectro autista. Por vezes, a consistência é o padrão de rejeição. Em outras, as cores importam.
A terapia alimentar – nome genérico dado aos métodos que usam a nutrição como parte do tratamento de condições ligadas ao neurodesenvolvimento – pode ser uma aliada para os pacientes e seus familiares. O tratamento consiste em ajustar a dieta, proporcionando maior intimidade entre a criança com TEA e os alimentos, para que o cardápio e os nutrientes se diversifiquem.
O nutricionista Bruno Redondo, especialista em TEA, destaca que uma alimentação pobre atrapalha inclusive a interação social dos pacientes. Outra consequência são as inflamações no organismo que, entre outras coisas, levam à prisão de ventre e à irritação. “Muitas crianças chegam ao consultório com o intestino totalmente inflamado, justamente porque não estão seguindo uma alimentação adequada” relata.
A terapia alimentar busca desenvolver a curiosidade da criança para que ela aceite o alimento. Na terapia, o profissional de nutrição convida o paciente a tocar o alimento e a cheirá-lo antes da ingestão. Segundo o nutricionista, o processo pode ser lento, mas os benefícios de uma alimentação equilibrada são incontáveis. “Há casos nos quais os pacientes diminuem a quantidade de medicação após diversificarem a dieta”, diz Bruno.
Papel dos responsáveis
Para que a criança tenha curiosidade em provar o alimento, é importante cozinhar com ela, deixar os alimentos à mostra e variar a forma de oferecê-los. Eles podem vir na forma de purê, picados ou cozidos.
O nutricionista explica que não há um tipo de alimento específico que seja benéfico para as pessoas com TEA. O profissional especializado busca descobrir os gostos do paciente para ajudá-lo a diversificar as preferências. Só depois disso, um cardápio adequado é montado.
A família do paciente têm papel fundamental na terapia alimentar. É importante que as práticas realizadas no consultório sejam repetidas em casa. Um benefício extra é que a relação entre os pais e a criança também é fortalecida durante o processo, melhorando a convivência diária.
Ainda há poucos estudos científicos sobre como uma alimentação equilibrada pode influenciar nos quadros de autismo, mas alguns trabalhos têm sido feitos destacando a importância de uma dieta diversificada para a saúde gastrointestinal deste grupo de pacientes.
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