Transição tenta conquistar votos de governistas pela aprovação de PEC

0
128

Na tentativa de conseguir aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, um grupo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca aliados do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), para negociar apoio. A proposta garante o pagamento de R$ 600 para o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) e o aumento real do salário mínimo.

A minuta do texto foi entregue ao Senado Federal na última quarta-feira pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), coordenador transição. O relator do Orçamento de 2023, Marcelo Castro (MDB-PI), recebeu o documento.

O PT trabalha para montar uma “força-tarefa” pela PEC. Para isso, deu aos aliados a função de se dividirem para conversar com o Congresso e negociar a aprovação do texto, que começará a tramitar no Senado. O tempo hábil da proposta é curto, já que as atividades do Legislativo devem encerrar em 18 de dezembro.

A chegada de Alckmin nesta terça-feira (21/11) a Brasília será também no sentido de reforçar o contato com parlamentares. A ideia é que ele tenha uma série de conversas com congressistas, no sentido de ganhar apoio para a aprovação da proposta.

Além disso, a ideia é que o bloco de apoio dentro do Congresso também trabalhe intensamente nos próximos dias. Entre os principais articuladores estão: relator Marcelo Castro, senadores Paulo Rocha (PT-PA), líder do partido na Casa Alta, Jaques Wagner (PT-BA) e Wellington Dias (PT-PI), escolhido por Lula para negociar a peça orçamentária do próximo ano.

Ao Metrópoles Dias afirmou que Castro estará junto da nova bancada eleita para dialogar acerca do texto:

“Junto com equipe Técnica e relator do orçamento, o [senador] Marcelo Castro, está ajudando nas apresentações e diálogo com os mais mais próximos ao governo eleito e também com líderes da oposição, para o convencimento e entendimentos para viabilizar aprovação da PEC”, disse.

Nesta segunda-feira (21/11), a bancada do PT se reuniu para discutir as medidas que podem ser incluídas ou retiradas da proposta. Há, no momento, uma incerteza sobre por quanto tempo o montante ficaria de fora do teto. Os parlamentares discutem, por exemplo, a alternativa de fixar o prazo em quatro anos para excepcionalizar o benefício do Bolsa Família. O teto de gastos é a regra fiscal que limita o crescimento das despesas da União à inflação do ano anterior.

Antes, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que “o mais provável” é que a retirada das despesas com o Bolsa Família do teto de gastos ocorra por quatro anos, o período completo do mandato conquistado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB). Expoentes do Centrão, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), insistem em aplicar a medida apenas no ano que vem.

PEC alternativa

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) apresentou, na segunda-feira (21/11), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) alternativa ao texto da PEC da Transição.

A medida apresentada pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê que quase R$ 200 bilhões fique fora do teto de gastos. A proposta de Vieira defende o limite de R$ 70 bilhões de fora.

No texto, o parlamentar afirma que a redução de R$ 175 bilhões para R$ 70 bilhões seria suficiente para a ampliação do Bolsa Família, garantindo o valor de R$ 600 mensais, mais R$ 150 por criança de até 6 anos. O objetivo do documento é assegurar o pagamento de R$ 600 mensais aos beneficiários, além de garantir um benefício adicional, no valor de R$ 150, a ser pago para famílias com crianças menores de 6 anos. Estima-se que só essa medida chegue a R$ 175 bilhões.

Articulações

O líder do PT na Casa Alta, senador Paulo Rocha, deverá conversar com o também líder do governo de Bolsonaro, Carlos Portinho (PL-RJ), que se mostra relutante em aprovar o projeto que ele tem considerado como “PEC da Gastança” e do “cheque em branco”. Nas redes sociais, Portinho tem feito duras críticas à PEC, mas defende a manuntenção do benefício social em R$ 600, uma vez que já fazia parte da pauta de releeição de Bolsonaro.

“Queremos o auxilio de 600, mas não há cheque em branco como cogita a PEC do Fim do Teto! Não vamos quebrar o Brasil ou condenar nosso futuro”, escreveu no Twitter.

O partido do futuro presidente planeja ainda uma conversa isolada com os membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A PEC precisará passar pelo colegiado antes de ser levada ao plenário dos senadores. Além disso, ela terá de ter o apoio de, no mínimo, um terço da Casa, 27 senadores.

De acordo com o senador eleito Wellington Dias, a expectativa para que a PEC seja aprovada é alta. Isso porque o trabalho, segundo ele, está sendo construído em “sintonia” com o legislativo.

“O nosso trabalho é feito em sintonia com os presidentes das duas Casas Legislativas”, afirma Dias.

O ex-governador do Piauí também afirma que o novo governo conta com a ajuda de parlamentares que já presidiram o Legislativo e foram líderes, além de presidentes de partidos e governadores.

O PT também tem como aliada a senadora Simone Tebet (MDB-MS). A parlamentar já presidiu a CCJ e hoje integra o grupo de transição de Lula, na área de desenvolvimento social.

Segundo Dias, espera-se que a PEC seja aprovada até o final de novembro pelos senadores e siga para a Câmara dos Deputados no começo de dezembro.

The post Transição tenta conquistar votos de governistas pela aprovação de PEC first appeared on Metrópoles.

Artigo anteriorAutenticidade marca os 13 anos da joalheria Vânia Ladeira na capital
Próximo artigoO que comer nos 7 restaurantes de SP entre os top 50 da América Latina