Entenda o aumento de ataques de tubarões no Recife e veja como se prevenir

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A Grande Recife registrou três casos de ataques de tubarões nos últimos 20 dias. Os incidentes aconteceram nas praias de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, e Milagres, em Olinda. As vítimas foram dois adolescentes e um adulto.

Em todo o estado de Pernambuco, foram ao menos 77 incidentes desse tipo desde 1992, quando os casos começaram a ser registrados. Pesquisadoras ouvidas pelo Metrópoles apontam que a aparição dos tubarões podem estar relacionadas com a falta de alimentos.

A bióloga marinha e pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Danielle Viana destaca que a presença de tubarões no local é comum devido à topografia submarina do estado.

“Devido à presença de um banco de areia e das algas calcárias mais rasas, a profundidade pode variar entre um e três metros dependendo da maré. Uma condição altamente propícia para ocorrência desses incidentes”, explica Viana.

Segundo a pós-doutora em morfologia animal e também pesquisadora da UFRPE Mariana Rêgo, os tubarões estão presentes em toda a costa brasileira. Entretanto, a escassez de alimentos fez a presença desses animais em praias urbanas se tornar mais frequente.

“A gente tem alguns fatores. Um deles foi durante muitos anos na nossa costa ocorrer uma pesca de arrasto. Como a prática não é seletiva, ela dizimou uma grande parte dos nutrientes e da vida marinha”, declara a pesquisadora Rêgo.

Além da falta de alimentos, as pesquisadoras Danielle Viana e Mariana Rêgo dizem que a construção do Porto de Suape, em Pernambuco, contribuiu para a presença dos animais marinhos nas praias urbanas.

“A construção do Porto de Suape fechou dois braços de manguezais, que são um berçário para os tubarões, local de procura e oferta alimentar”, explica Rêgo.


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Como evitar incidentes com tubarões

Com o aumento de tubarões nas praias urbanas é importante que os banhistas evitem entrar no mar onde há proibições, como na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes.

“Evitar entrar sozinho na água, evitar ir em época de maré alta, evitar áreas que tenham a sinalização [sobre a presença de tubarões], que não tenham barreira de coral, não entrar após ter ingerido algum tipo de bebida alcoólica ou algum tipo de droga”, destaca Rêgo.

O Núcleo de Educação Ambiental da UFRPE divulgou algumas medidas que a população deve adotar para não correr riscos. Confira:

Falta de assistência

O estudante de medicina Luis Eduardo Barbosa, de 35 anos, passava as férias com a mãe em Fernando de Noronha, em Pernambuco, quando foi mordido por um tubarão. O turista de Porto Velho, Rondônia, foi socorrido por três médicos que estavam na região a passeio e estacaram o sangramento.

“Era a minha segunda vez em Fernando de Noronha, tive a informação de que os tubarões não faziam nada, eles faziam parte de toda aquela magia da ilha, de brincadeira e estava tudo bem”, lembra Luis sobre o inicio da sua viagem.

“Senti algo puxando o meu pé, quando eu olhei para trás era um tubarão, puxei o pé. O meu medo era ‘poxa ele me mordeu um pouco e agora vai me matar’, a gente asssiste filme que tubarão não pode ver sangue que vai matar todo mundo”, conta o estudante.

Para entrar na ilha e aproveitar as praias de Fernando de Noronha os turistas devem pagar uma taxa. Contudo, Luis Eduardo conta que apesar do alto custo para visitar os locais não havia nenhuma placa e teve que contar apenas com a ajuda de populares.

“A praia não tem nenhuma placa sobre ataque de tubarão, a praia não tem um salva-vidas e a gente paga taxa para entrar na praia, taxa para entrar na ilha. Quem me ajudou foram os próprios turistas”, relatou.

Com os primeiros atendimentos na ilha, o estudante de medicina contou que não teve ajuda do governo de Pernambuco para retornar para casa e foi orientado apenas a procurar um especialista.

“A médica de plantão até tentou suturar a mordida, mas quando estava suturando viu que tinha um tendão rompido. Daí em diante, eles [o governo] me prometeram muitas coisas e a cicatriz iria ser uma tatuagem natural”, lembra Luis Eduardo sobre os primeiros atendimentos na ilha.

Apesar das promessas. o turista não teve ajuda para retomar para casa ou assistência social, Luis Eduardo conta que tem sequelas psicológicas e físicas até hoje após a mordida do tubarão, em Fernando de Noronha.

“Me deixou sequelas mentais, eu não consigo entrar no mar que me dá gatilho, me dá medo e tenho que aprender a viver com a dor no pé”, relatou o estudante.

O Metrópoles entrou em contato com o governo de Pernambuco sobre o atendimento dado a Luis Eduardo, mas não obteve respostas.

Ações do governo estadual

Com os últimos incidentes com tubarões em Pernambuco, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) anunciou o investimento de R$ 2 milhões nos próximos anos para evitar novos ataques na região metropolitana do Recife.

Do montante anunciado pelo governo estadual, a secretária estadual de Meio Ambiente, Ana Luiza Gonçalves, que R$ 1,5 milhão será desembolsado pelo Porto de Suape e o restante será aplicado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco.

Além do investimento financeiro, a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes instalou novas placas que alertam sobre a presença de tubarões na região e a proibição do banho de mar em um trecho de 2,2 km.

O governo municipal também anunciou que irá intensificar a fiscalização na região no fim de semana, uma semana após dois ataques de tubarões na praia de Piedade.

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