Museus, MST e Doria: bolsonaristas se queixam das ações de Tarcísio

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São Paulo – A paciência de políticos bolsonaristas com Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo está perto do limite. Reservadamente, eles têm manifestado profunda irritação com uma sequência de ações do governador voltadas para grupos de centro e de esquerda que fizeram oposição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A participação de Tarcísio em um almoço do Grupo Lide nesta segunda-feira (13/3), que teve troca de afagos entre ele e o ex-governador João Doria, foi o mais recente episódio de uma série que tem gerado desconforto na base bolsonarista que reside em São Paulo.

Desafeto de Bolsonaro, padrinho político do atual governador, Doria é fundador do Lide e esteve ao lado de Tarcísio durante todo o evento, inclusive enquanto o ex-ministro bolsonarista concedia entrevista à imprensa. Além do almoço desta segunda, Tarcísio também deve participar de um evento do Lide marcado para abril, em Londres.

Tarcísio e Doria
O governador Tarcísio de Freitas (c) e o ex-governador João Doria

Museu LGBT

A ala bolsonarista que fez campanha por Tarcísio em 2022 se surpreendeu com a retomada do projeto de levar o Museu da Diversidade Sexual, chamado de Museu LGBT, para um casarão na Avenida Paulista. Atualmente, o museu fica na estação República do metrô, no centro de São Paulo.

Com isso, Tarcísio dá continuidade a uma ação que teve início no governo Geraldo Alckmin (PSB), atual vice-presidente da República, mas que havia sido travada nas gestões de Doria e de Rodrigo Garcia (PSDB).

Museu da Vacina

A inauguração do Museu da Vacina, no Instituto Butantan, na semana passada, foi mais uma ação mal vista pelos bolsonaristas, muitos deles contrários à vacinação contra a Covid-19. Durante o evento, o governador anunciou repasse de R$ 46 milhões para os municípios do estado ampliarem a cobertura vacinal, posou com uma seringa gigante da Coronavac, o imunizante atacado por Bolsonaro, e disse que “sempre” acreditou na vacina.

Feira do MST

Outra decisão mal digerida pela base bolsonarista foi a autorização dada por Tarcísio para a retomada da tradicional feira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no parque da Água Branca, zona oeste da capital. O evento foi vetado por Doria há quatro anos e não foi realizado nos últimos três por causa da pandemia.

Os aliados bolsonaristas disseram que o grupo só se conteve até o momento por se tratar de Tarcísio. “Se fosse o Doria que tivesse feito isso tudo a gente estaria metralhando ele nas redes sociais”, admitiu um deputado bolsonarista do PL, sob reserva.

Escanteados

O descontentamento bolsonarista se agrava por causa da falta de cargos nos primeiros escalões do governo Tarcísio, que conferiu mais espaço a aliados do secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), articulador político do governador, do que ao chamado “bolsonarismo raiz”.

A queixa se estende à falta de prestígio na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Por influência de Kassab, Tarcísio optou por perfis mais moderados para os cargos de presidente e líder de governo na Casa, em detrimento de deputados bolsonaristas que o apoiaram desde o início da campanha.

André do Prado (PL), afilhado político de Valdemar Costa Neto, foi o escolhido para presidir a Assembleia em um acordo com o Tarcísio — ele é o favorito para vencer a eleição nesta quarta-feira (15/3). Já o deputado Jorge Wilson (Republicanos), conhecido como “Xerife do Consumidor”, será o líder do governo. Os dois possuem bom trânsito entre os partidos, inclusive com os de esquerda, e nenhum deles é identificado com o “bolsonarismo raiz”.

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