Protagonista de O Homem Cordial, Paulo Miklos reforça que toda arte é política

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“Esse mundo, visto pelos seus olhos de branco, deve ser maravilhoso, viu.” A fala de Bestia, personagem do rapper Thaíde, é uma das mais chamativas de O Homem Cordial, filme dirigido pelo brasiliense Iberê Carvalho que chega aos cinemas nesta quinta-feira (11/5). A frase é dirigida a Aurélio, protagonista interpretado por Paulo Miklos que, como a maioria das pessoas brancas, não compreende o quanto a vida no Brasil é muito mais difícil para pessoas negras. 

E não apenas isso, ele não entende a repercussão que atos que parecem simples podem tomar no universo regido pelas redes sociais. Vítima de fake news e cancelamento, Aurélio não imagina a proporção que uma pequena atitude dele vai tomar.

“É muito interessante esse meu personagem, [porque] com tudo o que eu tenho, como meu tipo físico, ele se vê numa situação diferente do cotidiano dele, que ele não está acostumado. Onde os direitos dele, os que ele imagina que tem, não são observados e ele sofre as consequências na pele branca dele”, pontua o Paulo Miklos. Enquanto nas telonas ele vive uma confusão, fora delas, o cantor, que foi vocalista da banda Titãs e tem no currículo mais de 20 filmes, sabe a importância de focar em discussões como essa. 

“A gente vive numa sociedade radical, de muito preconceito arraigado, que é uma coisa secular, e de uma diferença social, que são abismos que a gente vê que existem. Outra coisa é que tem um ódio explícito de classe, contra os pobres, negros, gays. Um preconceito gigante que a gente identifica e que ficou muito exposto [nesses últimos quatro anos].”

Paulo Miklos e as críticas aos artistas

Os anos do governo de Jair Bolsonaro (PL) deixaram algumas marcas na vida dos artistas, inclusive na do ex-vocalista do Titãs. Assim como o personagem dele foi criticado nas redes sociais, ele lembra que recebeu muitas avaliações negativas na internet também. 

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“Foi um período de uma grande burrice generalizada e que as pessoas não tiveram vergonha de expor sua ignorância. E aí elas vieram, protegidas pela rede social, na minha página, e eu tive o prazer de banir todas elas. Eu sou muito democrático nas minhas redes sociais: me encheu a paciência, já corto”, se diverte o artista. 

Ele ressaltou ainda que muitas pessoas pediram que ele não falasse sobre política, mas que isso é uma “censura terrível”. “Tudo o que eu faço é político. Toda música que eu fiz a vida inteira, ela é política. Ela é de crítica, às vezes até ácida, mas ela tem um questionamento. E todo o cinema que eu fiz também tem. E, enfim, a arte, que é o que eu produzo, ela é política. Nós somos todos seres políticos, né? Então, essa coisa é muito desse período aí que a gente viveu de incompreensão”, conclui.

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