Foi libertado no último dia 9 de dezembro, em Natal (RN), um homem que ficou dois anos, três meses e 11 dias preso por engano, no lugar do irmão, que era o verdadeiro procurado. Analfabeto, Eldis Trajano da Silva (imagem em destaque), de 35 anos, enfrentou muitas dificuldades para provar sua inocência e teve a ajuda de um exame para detectar o vírus HIV para ser inocentado. Seu irmão, Eudis Trajano da Silva, que havia fugido do regime semiaberto, é soropositivo e recebia tratamento quando esteve preso.
A história do vaqueiro preso por engano foi contada pelo programa Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo (29/12/2019). “Jamais vou esquecer na minha vida”, disse ele ao programa sobre o período em que esteve preso.
Eldis foi detido em 2017. De acordo com o juiz Henrique Baltazar, o irmão Eudes usou a documentação do familiar em crimes anteriores. No site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, segundo o magistrado do caso, ainda constam processos que deveriam ser atribuídos a Eudes no nome de Eldis.
Burocracia
O vaqueiro ainda ficou um ano e oito meses preso após o exame de HIV que fez dar negativo. Nesse tempo, o sistema Judiciário verificou a identidade de Eldis e chegou a realizar uma acareação entre os dois irmãos (Eudis já havia sido preso por outras acusações e segue na cadeia).
Outro caso em 2019
O borracheiro Antônio Cláudio Barbosa de Castro, 35 anos, ficou preso por cinco anos após ser acusado de estupro, crime que não cometeu. Ele foi liberado em julho deste ano, depois que oito desembargadores acatarem o pedido de defesa, que já havia sido consentido pelo Ministério Público.
Castro foi detido em 2014, confundido com um suspeito de crimes sexuais conhecido como “maníaco da moto”. No Ceará, o borracheiro foi condenado a nove anos em regime fechado por estupro de vulnerável. Ele, agora, é tratado como inocente das acusações.
O suspeito, que usava uma motocicleta vermelha para abordar as vítimas, portando uma faca e as ameaçando, nunca foi identificado. Em novo julgamento, a defesa de Castro alegou que as vítimas se referem ao criminoso como um homem de 1,80 metro. O borracheiro tem 1,59 metro.
Constrangimentos
Em outra entrevista, já em dezembro, ele disse que ainda não se sente livre. “Ainda é uma grande luta, um grande sofrimento, porque era para eu estar livre, mas eu não me sinto livre. Meu nome ainda consta no sistema. Quando eu saio, tenho receio. Já sofri dois constrangimentos por causa do meu nome no Sistema. Para mim, é muito difícil”, disse o borracheiro ao portal.
Ele destacou que ainda teme ser encarcerado novamente a cada abordagem da polícia.
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