Grupos ameaçam reduzir dias de festa ou não desfilar caso não consigam mais aporte financeiro. Secretaria de Cultura articula a concessão
A um mês e meio para o Carnaval 2020, blocos tradicionais e escolas de samba do Distrito Federal tentam conseguir mais dinheiro. A liberação de R$ 5 milhões por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) está prevista para o fim de janeiro, mas os organizadores dos eventos alegam que os recursos são insuficientes.
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) articula a concessão de mais verbas, mas o chefe da pasta, Bartolomeu Rodrigues, afirma que o Carnaval “não pode ser chapa branca”.
“O Estado contribui no fomento, além de todos os esquemas especiais de segurança e saúde, que envolvem praticamente todo o GDF. Cabe aos organizadores, também, empenhar esforços para arrecadar dinheiro de forma independente”, diz.
Quem ficou de fora da divisão de verba pública foi a União das Escolas de Samba do Distrito Federal (Uniesb), considerada “inabilitada” para receber o maior investimento previsto, de R$ 1,2 milhão.
Com a negativa, o desfile das escolas de samba, previsto para sair em 2020 depois de ficar de fora por cinco carnavais consecutivos, está novamente ameaçado. A Uniesb afirma que vai fazer a festa, desde que haja apoio financeiro do governo.
Pará destaca que as escolas de samba reúnem a comunidade não só na época do Carnaval. “Há projetos sociais que integram os moradores e fomentam a cultura, sem falar em centenas de trabalhadores, como costureiras, artesãos, serralheiros, decoradores e músicos que dependem desse dinheiro”, diz.
Blocos tradicionais
Quem também espera mais aporte financeiro do GDF é a Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília. Das oito festas que compõem a associação, duas não conseguiram financiamento da Subsecretaria de Fomento e Incentivo Cultural (Sufic): Mamãe Taguá e Àsé Dùdù.
Baratinha, Baratona, Bloco dos Raparigueiros, Galinho de Brasília, Menino de Ceilândia e Pacotão receberão a verba. O valor, no entanto, é considerado insuficiente.
“Houve uma ampliação de beneficiados e, por mais que a oferta seja necessária, o planejamento foi equivocado e acabou desprivilegiando os blocos tradicionais. O dinheiro vai praticamente todo para atender as exigências de estrutura e segurança e não leva em conta o número de artistas que fazem a festa. Desta forma, a expectativa é de que os blocos só saiam um dia”, reclama Jorge Cimas, membro e ex-presidente da liga.
Em contrapartida, formações que se sustentavam sem nenhum apoio do governo comemoram a contemplação. É o caso do Bloco da Cabeça do Pimpolho, que em 2017 fez o primeiro evento levando axé e pagode dos anos 1990 e, desde então, agita o pré-carnaval na 208/408 Norte.
“Corremos atrás com a documentação e conseguimos o auxílio que será muito importante para trazer uma infraestrutura mais confortável aos foliões, com tendas, além das exigências do edital. O objetivo é promover uma festa bacana para todos. A deste ano está garantida”, comemora o organizador Mateus Pereira.