Deficientes visuais contestam piso tátil direcionado para muro

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A sinalização do piso tátil na calçada começou de forma correta. Crédito da foto: Emídio Marques (17/1/2020)

 

Deficientes visuais reclamam da maneira como o piso tátil direcional e de alerta foi instalado pela Concessionária BRT Sorocaba em um ponto de ônibus, na avenida General Osório. O trecho sinalizado direciona o deficiente visual para o muro de uma igreja existente ali.

Eles afirmam que o piso tátil possui o objetivo de orientar o deficiente visual em sua trajetória, dando autonomia à pessoa com dificuldade em enxergar. Para o deficiente visual Jean Lima, 22 anos, um trecho do piso tátil direcional que leva a pessoa de encontro ao muro, está totalmente equivocado.

“O piso tátil direcional começa em linha reta e de repente muda de direção levando a pessoa de encontro ao muro, sendo que bastava continuar em linha reta, que estaria correto”, afirma. O mesmo pensa o deficiente visual Teco Barbero, 38 anos. “Não há nenhuma lógica para o piso tátil direcional levar o deficiente para o muro”, contesta.

Direcionar a sinalização para o muro foi um equívoco, dizem os deficientes. Crédito da foto: Emídio Marques (17/1/2020)

 

Especialista também discorda

Na tarde desta sexta-feira (17), a reportagem do Cruzeiro do Sul esteve no local com o professor de orientação e mobilidade, Edvaldo Bueno de Oliveira, que também discorda da maneira como a sinalização tátil direcional foi feita ali. O professor fez parte da comissão de estudos sobre as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre a instalação de sinalização de piso tátil e afirma que no ponto de ônibus citado não há justificativa para o piso tátil levar o deficiente visual de encontro ao muro.

Antes de chocar com o muro, o piso tátil direcional segue em direção à tampa de um hidrante existente na calçada e em seguida chega ao muro. “A sinalização do piso tátil direcional na referida calçada começou de forma correta e se continuasse em linha reta, sem levar o deficiente de encontro ao muro, estaria de forma adequada.

Além disso, falta sinalização de alerta em frente a uma lixeira, ao lado do ponto de ônibus, e também poderia ter sido colocado piso tátil de alerta quando a sinalização direcional está em paralelo na entrada da garagem da igreja”, afirma.

Edvaldo disse que ficou surpreso com a situação, pois visitou outros pontos de ônibus do BRT que foram reformulados pela concessionária e não encontrou nada semelhante. Edvaldo cita ainda que as normas 9050 e 16.537 da ABNT sobre acessibilidade e sinalização tátil no piso estabelecem diretrizes para a elaboração de projetos. Além disso, determinam critérios e parâmetros técnicos que devem ser observados para a elaboração de projetos e instalação de sinalização tátil no piso, seja na construção ou na adaptação de edificações, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.

Edvaldo Bueno de Oliveira: “Não há justificativa!”. Crédito da foto: Emídio Marques (17/1/2020)

 

Urbes e BRT

A Urbes e a Prefeitura de Sorocaba informam que não receberam reclamações de deficientes visuais sobre o piso tátil direcional instalado no ponto de ônibus da avenida General Osório. Elas também disseram que “não há colocação de piso podotátil de forma incorreta.

“Os projetos de acessibilidade seguem normas específicas sobre o assunto. Neste caso, a norma rege que, uma vez que as calçadas fora da área de influência do BRT não possuem acessibilidade, a pessoa com limitação visual deve ser direcionada para uma barreira edificada de modo que consiga se deslocar tendo como referência uma estrutura existente”, diz a Urbes.

Já a Concessionária BRT Sorocaba afirma que todos os procedimentos realizados para adequação das calçadas seguem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e que as diretrizes seguidas são NBR 9050 de 2015 de “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” e a NBR 16537 de 2016 de “Acessibilidade, Sinalização Tátil no Piso”.

“O objetivo do piso podotátil é “coletar” esses indivíduos que já estão no passeio não requalificado, orientá-los pela edificação (muro, guias, fachadas, etc) e direcioná-los para a parada de ônibus nova. Informamos ainda que todos os passeios foram avaliados e aprovados pela URBES”, cita a empresa. (Ana Cláudia Martins)

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